OPINIÃO: (In)Certezas

Francisco Perez

Quando se deu a alteração no Governo em novembro do ano passado, soube imediatamente que tempos de instabilidade estariam para chegar. Não por não acreditar num Executivo liderado por António Costa, mas pelo facto de haver uma união à esquerda com discórdias demasiado evidentes para terem a minha confiança. Esta alteração apenas teve legitimidade formal, e não legitimidade política e popular. Ora quem não vai deixar de relevar o facto de sermos governados pelas “segundas linhas” é a União Europeia.

Desde a entrada na CEE (sim, na altura, era esse o nome) em 1986 que Portugal está sujeito a regras impostas por Bruxelas. 30 Anos depois, nada mudou. Se todos queriam isso? Não sei, mas é inquestionável que a sua participação no espaço europeu deu muito ao país. Lamento se Catarina Martins e Jerónimo de Sousa não vêm isso.

Não vou colocar as medidas propostas para o Orçamento de Estado para este ano. Estamos em fevereiro e este ainda não foi aprovado. Lembro-me de ter estudado economia no Secundário, e de ter aprendido que este importantíssimo documento deveria estar pronto antes do final de um ano civil, já que seria uma previsão dos objetivos financeiros de Portugal. Mas até agora nada em concreto.

Já sabemos que está previsto um aumento de impostos em determinadas áreas, como no imposto de selo sobre o crédito ao consumo, no imposto sobre combustíveis e sobre tabaco. Este último tem a minha bênção, já que os cigarros só fazem mal e são estupidamente caros.

Antes da entrada de Maria Luís, estava Vítor Gaspar. E muito criticado foi por este mesmo aumento. Mas numa época de transição entre o programa de assistência da Troika para pagar as dívidas e a necessidade de se voltar a ser competitivo e, sobretudo, interessante para os parceiros comerciais, por vezes, terá sido posta de parte a vida das pessoas. A diminuição de qualidade que o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista Português tanta tinta fizeram correr, conquistando votos inéditos, não só nas Legislativas como nas Presidenciais.

“Os ricos pagarão mais”. Será? Porque atendendo às medidas que Mário Centeno propôs no documento, surgem-me muitas dúvidas sobre a sua exequibilidade.

Francisco Perez, estudante de Ciências da Comunicação da Faculdade de Letras da Universidade do Porto.

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