Para quem gosta de espetáculo, Portugal está bem servido: temos um Primeiro-Ministro ilusionista e um Ministro das Finanças acrobata. Talvez seja por isso que temos assistido a sucessivos números dignos de um circo.
Costa, tal qual um ilusionista experimentado, tenta iludir os ‘espectadores’ (leia-se, os portugueses) ao dizer que a Comissão Europeia não chumbou o primeiro esboço de Orçamento. Até seria verdade… se não fosse pura ilusão. O primeiro documento apresentado foi reprovado, renegado, rejeitado. Melhor dizendo: rejeitadíssimo! O que não foi chumbado foi uma versão bem diferente, carregada de impostos. Costa queria iludir… Desiludiu. Mas desde que se chame ‘orçamento’, passe em Bruxelas e seja aprovado no Parlamento está tudo bem. Para Costa, claro.
Por sua vez, Centeno faz lembrar um acrobata inexperiente: na primeira vez em que subiu ao ‘trapézio’ com o Orçamento, tentou arriscados exercícios de equilibrismo. Tal como um acrobata amador, deu-se mal. Desequilibrou-se.
Primeiro veio a aselhice: Centeno meteu água nas equações iniciais tendo sido prontamente corrigido pela UTAO. Depois, a “chico-espertice”: Centeno tentou mascarar as contas que enviou para Bruxelas e a brincadeira terminou com aumento de impostos. A seguir, a trapalhice: Centeno construiu tecnicamente mal o Orçamento (esqueceu-se de contabilizar parcelas, várias tabelas tiveram de ser reescritas) e teve que se auto-corrigir numa errata descomunal.
Por fim, a demagogice: o Governo diz que a austeridade terminou e apresenta-se como paladino dos pobres. Contudo, o seu Orçamento não só aumenta as gorduras do Estado como sobe os impostos, especialmente sobre o consumo, penalizando sobretudo os mais pobres.
Se ser amigo dos mais pobres é sujeitar um sem-abrigo à mesma taxa de imposto de um milionário, talvez não seja má ideia encontrar novos amigos…
Entretanto, com ilusionismo de um lado e equilibrismo de outro, Costa e Centeno prosseguem o seu espectáculo de ‘malabarismo’ político.
E entre o espectáculo da dupla Costa-Centeno e o espectáculo no circo há uma semelhança e uma diferença.
A semelhança é que nenhum é gratuito: da mesma forma que para assistir ao circo o espectador tem de pagar bilhete, também o espectáculo de Costa e Centeno terá de ser pago. E seremos nós – os mesmos de sempre – a pagar por esse triste espectáculo.
A diferença é que no circo escolhemos livremente se queremos ou não assistir e, portanto, se queremos ou não pagar o respetivo bilhete. Já o espectáculo de Costa-Centeno vamos mesmo ter de o pagar. Quer queiramos o ‘bilhete’ ou não.
Seria para rir se não fosse trágico. É que apesar de um bom espectáculo ter sempre uma boa gargalhada, a situação do país não está para brincadeiras… Muito menos para números de circo.