O Brasil é um país que já tive a felicidade de visitar diversas vezes. Tenho família, uma admiração pelo mesmo e uma enorme simpatia pelos seus habitantes. Mas confesso que o momento que a nação apresenta é tudo menos simpático.
Lembro-me quando estava no secundário, nas aulas de Economia falávamos bastante do Brasil, fosse porque os meus colegas sabiam da minha ligação ao país e por ser uma economia emergente. Discutíamos o crescimento impressionante que apresentava ao longo dos anos, o que o levou à entrada nos BRICS.
Quando Dilma chegou ao Planalto senti imediatamente desconfiança. Porque o crescimento económico não é eterno, porque o desenvolvimento não estava a ser feito da melhor maneira. A atual presidente tinha sido escolhida por Lula, deixando antever que a instabilidade socioeconómica se aproximava.
Dilma e o Partido dos Trabalhadores não corrigiram a situação política, económica e social. E torna-se cruel viver no Brasil. Os casos de corrupção levam as pessoas a manifestarem-se. E, para além da crise económica no Brasil, o clima de instabilidade no Governo é absolutamente chocante.
Luiz Inácio Lula da Silva uma vez disse: “No Brasil é assim: quando um pobre rouba, vai para a cadeia. Quando um rico rouba, vira ministro”.
Este ano, Lula, confrontado com o seu envolvimento na Operação Lava Jato foi nomeado por Dilma Rousseff como o novo ministro da Casa Civil, com o objetivo claro de beneficiar da imunidade associada ao cargo.
Ao escolher Lula, revelam-se situações políticas inescapáveis. A primeira é associar definitivamente o seu próprio futuro político ao de Lula. Se a ligação entre os dois já era forte, passou a ser inseparável. A segunda é deixar claro o peso que o próprio Lula tem sobre si. Se Dilma sabe que tem críticos, muitos deles na classe média / média-alta, nomear o seu antecessor, com o objetivo de o proteger, é lançar (mais) lenha para a fogueira, porque as pessoas não ficam indiferentes ao caos que se vive naquele país.
No meu entender, para já, não se perspetiva uma alternativa capaz de destronar o PT e recolocar o país numa trajetória de um funcionamento normal das instituições e de desenvolvimento económico. Ainda assim, neste contexto, e perante os ataques contra a independência do poder judicial e a degradação da credibilidade das instituições políticas da principal potência da América do Sul, é difícil antever uma solução que não passe pela saída de Dilma Rousseff.
Francisco Perez, estudante de Ciências da Comunicação da Faculdade de Letras da Universidade do Porto