À medida que nos vamos aproximando das eleições norte-americanas, restam poucas dúvidas que os candidatos serão a democrata Hillary Clinton e o republicano Donald Trump.
Ambos dispensam apresentações. Hillary já era conhecida pelo público quando o seu marido foi Presidente dos EUA durante dois mandatos e Donald era o magnata bilionário que era apresentador e produtor do “The Apprentice”, um reality-show que mostrava desde logo um dos seus trunfos: a sua fortíssima capacidade de gerir um império.
Durante anos, Trump era um homem (relativamente) discreto. Tudo mudou quando concorreu para ser o candidato republicano que iria concorrer à Casa Branca. Língua afiada sempre foi uma constante ao longo da sua campanha. Sem papas na língua, Trump colocou todos os protocolos em causa, revelou um discurso xenófobo diversas vezes e assumiu posições extremistas com os refugiados, imigrantes mexicanos e as minorias que vivem na América.
E, no entanto, tem legiões de fãs que o acompanham para todo o lado. O mundo parece surpreendido com as suas afirmações, quase num pensamento de quem quer negar a realidade: quer gostemos ou não, Trump é um homem honesto. Não significa que esteja correto, é importante referir, pois isso caberá a cada um decidir. Mas se vivemos numa época em que é impossível dissociar política e honestidade, pelo menos Trump afirma aquilo em que acredita, pelo que eventuais decisões tomadas, se for eleito Presidente, não espantarão (salvo seja) o mundo.
Daqui a uns anos, quando os investigadores forem estudar uma hipotética eleição do candidato republicano, certamente vão chegar à óbvia conclusão que o que as pessoas procuram é honestidade, seja de posições completamente extremistas e fascistas que relembram os tempos mais negros da história ou de medidas exequíveis que possam ser efetivamente aplicadas na sociedade.
O problema passa essencialmente pela propagação destes sentimentos. Esta situação assume um carácter particularmente perigoso por ser justamente desencadeada por Trump. Porque, se for uma pessoa comum a proferir tais declarações, será julgada em praça pública, pode ser presa por incitar ao ódio, entre outros. Quando o homem por detrás é um multimilionário com provas dadas na manutenção e gestão de um império, parece que está tudo bem. Estas pessoas veem em Trump um homem que defende os valores em que acreditam, mas que até aqui tinham medo de serem julgadas, pois em 2016 tudo o que dizemos, fazemos e acreditamos marca-nos para o resto da vida, especialmente, se nos sentirmos sozinhos na nossa posição.
Não é exagero dizer que os próximos anos serão fortemente influenciados pelas políticas norte-americanas que vão sair das eleições em novembro. Seja Clinton ou Trump, o mundo anseia e fica em expectativa para ver se damos um passo em frente ou dois para trás.
Francisco Perez, estudante de Ciências da Comunicação da Faculdade de Letras da Universidade do Porto