Depois de participar dois anos consecutivos no WTCC (Campeonato do Mundo FIA de Carros de Turismo), o piloto Marco Guerra abandona as corridas em altas velocidades para se dedicar ao campeonato nacional de montanha.
As melhores histórias costumam começar por “Eu tenho um sonho!” e a história de Marco Guerra não é muito diferente. Apaixonado pelo desporto automóvel, viu o seu sonho ganhar vida quando em 2015 a cidade de Vila Real recebeu o Campeonato do Mundo FIA de Carros de Turismo (WTCC). Foi nesse mesmo ano que, pela primeira vez, deitou mãos à obra e fez o que pôde e não pôde para pôr prego a fundo e correr num circuito que lhe é tão familiar.
Se é verdade que tudo na vida requer trabalho, também o é quando se diz que são necessários sacrifícios e escolhas para atingir objetivos. Marco Guerra abdicou de uma mota que tinha para começar a ver algum fundo de maneio que lhe permitisse comprar um carro e criar todas as condições para avançar com o projeto e, ao que parece, não é nada fácil. “Por mais que queiramos ser só nós, não conseguimos. Precisamos do apoio de patrocinadores”, diz.
Depois de uma participação feliz no primeiro ano de campeonato internacional na cidade transmontana (em 2016), Marco voltou a alistar o campeonato – “Legends Cup” – na categoria dos carros até aos anos 90. O novo carro e o pouco tempo de adaptação foram cruciais no desempenho do piloto e, por isso, as provas não lhe correram “como gostaria”. Ainda nesse ano acabou por participar em duas provas extra que acompanham o campeonato nacional de montanha (rampa sprint).
Este ano, Marco Guerra deixa de lado as provas de velocidade, nomeadamente, o WTCC (em Vila Real) para se dedicar exclusivamente ao campeonato nacional de montanha. Mais acessibilidades, mais retorno publicitário, mais camaradagem, mais assistência e mais facilidade de enquadrar a viatura foram motivos suficientes que levaram o piloto a abandonar a competição na “capital do automobilismo”. Certo é que, por outro lado, também os custos são menores, explica: “há investimento, claro, mas mais acessível”.
O carro, um Peugeot 306 GTi, tem uma nova cara e, como diz Marco Guerra, está “afinadinho”. O trabalho tem sido constante e o que tem de menos em apoio financeiro, tem de sobra em apoio emocional. “Estamos a fazer os possíveis para alinhar já nas primeiras provas do campeonato de montanha, mas não está a ser fácil”, explica.
Depois de contas feitas, quando perguntamos ao Marco quanto vê investido neste “sonho de menino” a resposta é clara e rápida: “muito dinheiro, algum ainda tive de pôr do meu bolso quando comecei”.
A palavra “desistir” não faz parte do dicionário de Marco Guerra. Agora, resta esperar pelo apoio dos patrocinadores e, assim, ter tudo pronto para alinhar em Guimarães, na Rampa da Penha, dias 8 e 9 de abril.
Depois da saída das estruturas oficiais da Citroën e da Lada, o Campeonato do Mundo FIA de Carros de Turismo (WTCC) conta apenas com 16 carros inscritos nesta temporada 2017, um cenário que não admira e deixou a grelha reduzida a dois construtores oficiais – Honda e Volvo.