OPINIÃO: Caldeirada com fósforos e gasolina

“Tudo indica que estamos a aproximar-nos do último momento. A situação escurece cada vez mais. A tragédia adensa-se. A guerra aperta sem cessar, em volta do pescoço de todos os povos, a sua garra de ferro em brasa.”

As palavras não são minhas, nem são de agora. São de março de 1917. Com precisamente um século de diferença, terão perdido validade?

Infelizmente, os sinais dizem-nos que a frase não estará completamente afastada da realidade. Vejamos alguns exemplos.

A Suécia – a simpática e tranquila Suécia – reinstituiu o serviço militar obrigatório, ‘arrastando’, só em 2018, mais de dez mil jovens – homens e mulheres – para engrossar fileiras. Porquê?

Um dos principais motivos é um país de seis letras que rima com “ursinho de pel…úcia”. Chegou lá? Aqui vai outra ajuda: o nome do presidente desse país rima com “pu…dim”. Adivinhou?

Adivinhou! A Rússia de Putin é a causa da decisão sueca. Na zona dos Bálticos, a tensão provocada pelos russos é grande e já não é a primeira, nem a segunda, nem a terceira vez, que as ‘garras’ de Putin se fazem sentir. Desde ameaças, ao envio de espiões disfarçados de diplomatas ou ordenar a caças que sobrevoem a Suécia, há táticas para todos os gostos. Em resposta, os suecos decidiram colocar tropas permanentes nas ilhas bálticas. Sobe a tensão.

Deixemos agora a Suécia e passemos para o Japão. Os nipónicos vão aumentar pelo quinto ano consecutivo o seu orçamento militar e de defesa. Porquê? A par dos desvarios da Coreia do Norte e das pretensões chinesas, há outro fator: a Rússia vai enviar mais mil soldados para o arquipélago das Curilas, em disputa entre os dois países. Sobe a tensão.

Mas o Japão não é o único a aumentar os seus gastos com defesa. Os Estados Unidos, com Trump, já anunciaram um aumento de 54 mil milhões de euros para Defesa – acompanhados, claro está, de um desafio à China.

A toda esta ‘caldeirada’ de ódios, tensões e provocações junta-se outro dado preocupante: o Instituto Internacional de Investigação para a Paz diz que, desde o final da Guerra Fria, que não se vendiam tantas armas no mundo.

Sabendo que para haver fogo basta gasolina e fósforos, quem fica descansado? A gasolina já lá está, alimentada por toda a tensão geopolítica que se sente hoje. E os fósforos estão a chegar…

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