OPINIÃO: Nem bom vento, nem bom casamento…

Manuel Ramos, Professor

Não sei o que o leitor acha do provérbio “De Espanha, nem bom vento, nem bom casamento!”, mas o seu significado parece-me inequívoco: Nada que vem de Espanha é bom para Portugal!

Estando ou não de acordo com ele, o leitor deve concordar que, de facto, o vento que sopra vindo dos lados dos nossos vizinhos costuma ser desagradável: frio no inverno e seco no verão… No que se refere ao casamento, bem… O único casamento entre um português e uma espanhola que agora recordo foi o do rei D. João VI com D. Carlota Joaquina e, convenhamos, esse casamento não foi propriamente feliz!

Nos dias de hoje, pensamos cada vez menos em ventos ou em casamentos, pelo que, o que mais chega de Espanha agora são notícias! Entre as mais recentes, uma tem tido destaque por opor, mais uma vez, os portugueses aos espanhóis: a notícia sobre o vandalismo realizado por centenas de estudantes portugueses do ensino secundário, que terão causado danos avultados numa unidade hoteleira em Torremolinos, no sul de Espanha, durante uma viagem de finalistas.

Recordo que esse “mau comportamento” foi aparentemente penalizado com a expulsão do hotel direcionada para centenas de estudantes portugueses!

Ao que parece, os estudantes reclamaram pelas condições dadas pelo hotel durante a sua estadia lá e o hotel, pelas condições com que ficou, depois dos finalistas passarem por lá…

Ora, as queixas dos estudantes, com a ajuda de um simples telemóvel poderiam ter sido comprovadas, revelando com imagens os problemas referidos e, com essa prova e com a ajuda dos responsáveis pela viagem de final de curso, teria sido possível obrigar o hotel a alterar a sua postura e solucionar os problemas.

Nada serve de justificação para os atos de vandalismo ocorridos. Nenhum problema foi resolvido e nenhum estudante foi beneficiado! O objetivo dos vândalos em prejudicar o hotel foi conseguido, mas os estudantes que nada fizeram de mal também foram prejudicados, pois ficaram impedidos de continuar a sua estadia, além de terem perdido o dinheiro da caução pago no início da estadia.

No que se refere ao hotel, a solução mais fácil teria sido manter, antes dos acontecimentos relacionados com vandalismo, uma postura de diálogo com os responsáveis pela viagem de fim de curso. Não tendo resultado essa estratégia, depois do problema ocorrer, teria sido importante identificar os vândalos tão rapidamente quanto possível, seguida da consequente participação para a polícia e da expulsão do(s) jovem(ns) em questão da unidade hoteleira.

O diálogo inicial teria, com certeza, reduzido o descontentamento dos estudantes, enquanto que a exclusão rápida dos mais provocadores teria impedido o avolumar do problema, com a consequente expulsão dos estudantes do hotel.

Supondo que não tenha havido bom senso de parte a parte, parece um caso claro para as autoridades intervirem, apurando os factos e aplicando, se for caso disso, multas para uns e/ou exigência de pagamento de indemnizações para outros atores desta triste comédia.

A impunidade determinará a repetição deste tipo de casos, que em nada dignificam Portugal ou Espanha.

“De Espanha, nem bom vento, nem bom casamento”… Será que os espanhóis não poderão pensar o mesmo sobre Portugal?

Manuel Ramos, professor

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