OPINIÃO: A Solidariedade

Mónica Pinto

O que eu posso fazer pelos outros, que me traga felicidade e preencha a minha existência?

Esta foi a pergunta que me fiz há quatro anos atrás, quando a minha vida passava por uma fase de transição.

Encontrei a resposta, com muita facilidade, e ela estava na entrega solidária aos outros. Procurei a Associação de Voluntariado do Hospital de São João, que nasceu em 1985, impulsionada pela Drª. Maria Teresa Salgado, com o objetivo de humanizar os serviços e contribuir para o bem-estar dos doentes daquele hospital, tendo como base, a solidariedade, a generosidade, a disponibilidade e o carinho para quem se encontra em situação de vulnerabilidade do estado de saúde.

Iniciei-me como estagiária e logo conquistei o coração de cada uma daquelas pessoas, doentes internados e de ambulatório.

A missão do voluntário é complementar o trabalho dos profissionais de saúde, numa vertente puramente humana. Levar conforto aos doentes e seus familiares, através da escuta e diálogo, bem como ajudar o doente nas refeições.

A admissão de voluntários obedece a certos critérios que passam: pela candidatura, entrevista, estágio e verificação da aptidão para o voluntariado.

Todos aqueles que forem aceites, estarão presentes numa cerimónia, na qual confirmam a sua vocação e compromisso de honra.

O Hospital de São João conta com cerca de 350 voluntários distribuídos pelos diversos serviços.

Esta associação é presidida pelo Dr. Manuel Carlos Costa Carvalho Dias, é uma instituição particular de solidariedade social em saúde, sediada no centro hospitalar do Hospital de São João.

Comecei a minha prestação de voluntariado há três anos, no serviço de Nefrologia deste hospital.

Devo dizer-lhes que a felicidade que sinto é enorme e que também recebo muito do outro lado, ou seja, a amizade e um lugar no coração de cada pessoa que, para tratamento, está naquele serviço.

Foram necessárias algumas características: a assiduidade, a simpatia, a empatia, o afeto, a dedicação, o espalhar de sorrisos e esperança em dias melhores, e a boa disposição, sempre.

É importante gostar daquilo que fazemos e saber comunicar.

O que ganhámos, como voluntários, a amizade e a confiança do doente que devemos preservar e respeitar.

Às terças e sextas à tarde, eles estão à minha espera, se por qualquer motivo imperioso falto, eu sei que eles perguntar-me-ão, na semana seguinte, o que me aconteceu e o motivo porque faltei. Há uma partilha e cumplicidade e laços de afeto que se criam e isso enche-me a alma de satisfação, porque estou a dar o meu melhor e a receber os frutos dessa entrega.

Quando recuperam e voltam para as suas casas, aconchego-os, num abraço muito sentido, e despedem-se de mim de uma forma carinhosa e comovente. Tenho escutado muitas vezes: “Se não a voltar a ver, levo-a no meu coração”.

Quando há uma recidiva e voltam ao serviço, uma das perguntas é se eu estou presente. Com a bata amarela vestida, vou de enfermaria em enfermaria, dar as saudações a todos os que aguardam por mim, já me conhecem pela voz.

É com grande satisfação e agradecimento que me entrego por completo a esta missão que, para além de ser o meu tributo à vida, é algo que me dá grande alegria.

As BATAS AMARELAS já são parte do Hospital de São João e ser uma delas é para mim uma honra.

Agradeço a DEUS todos os dias o facto de me ter proporcionado esta oportunidade de fazer o bem a quem mais precisa.

Mónica Pinto, locutora

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