Com certeza que todos nós já ouvimos esta frase, muitas e muitas vezes.
Lembram-se em que circunstâncias ela é repetida? Decerto que sim.
Mas eu vou enumerar algumas:
- Em funerais
- Na doença
- Nas dificuldades…
Vou ficar por aqui, porque seriam muitas mais as ocasiões em que, com um encolher de ombros e um suspiro, pronunciamos: “É vida”.
Esquecemo-nos de a dizer em momentos de felicidade: como no amor, quando nasce uma criança, quando despertamos para um novo dia, cheio de sol ou de chuva, nos aniversários, na alegria do convívio com os amigos, no crescimento dos nossos filhos. Quando plantamos uma árvore e as nossas flores e temos o grato prazer de os ver crescer e florescer e tudo é vida dita e vivida com alegria e satisfação.
A Vida é um presente e quando o recebemos, não devemos de todo, encolher os ombros e sentir ingratidão, usando essa expressão.
Ouço, muitas vezes, pessoas a descreverem as suas vidas com tristeza, porque passaram o tempo todo a trabalhar, para se rodearem de confortos materiais e para darem aos seus filhos, tudo aquilo que não tiveram nas suas infâncias. Contudo, esquecem-se, que no meio da pobreza, da fome e da falta de conforto, foram muito felizes, muito criativos, muito livres de brincarem na rua sem sobressaltos.
Trabalharam e viveram com dificuldades, sim, mas cresceram enquanto seres humanos.
A vida quando nos dá o que desejamos com esforço e sacrifícios da nossa parte, tem outro sabor, é ou não verdade?
Pergunto: os vossos filhos são felizes a jogarem PS4, ou PC, dentro de salas confortáveis? Conseguem ser criativos? Passeiam com os vossos filhos e brincam com eles?
Sei que muitos o fazem e não é para essa minoria a pergunta. Com tantas facilidades, os nossos filhos valorizarão a vida? Ou viverão com o tédio de cada dia ser sempre a mesma repetição de gestos monótonos, sem nada de novo?
Se compararmos uma criança que nada tem, com uma que tudo tem, vamos encontrar diferenças maravilhosas. A que nada tem é feliz com o seu pouco, é muito criativa e valoriza todas as pequenas coisas.
A que tudo tem é, muitas vezes, infeliz, porque os bens materiais não nos dão amor, carinho, atenção, nem colo.
A Vida não tem que ser só trabalho, devemos usufruir dela, vivendo cada instante e cada dia como se fosse o último, oferecendo-nos momentos de felicidade e pequenas coisas que nos deem satisfação.
Quando partimos, todos os bens materiais vão ficar cá, então eu pergunto: valeu a pena sermos escravos da ganância?
Com a velhice, adquirimos sabedoria, mas também com ela chega, muitas vezes, a doença, o que é natural. Lamentarmo-nos não ajuda no restabelecimento da saúde. Devemos aceitar, por muito que seja pouco fácil, e colaborar para melhorar.
Nesses momentos, podemos transmitir aos mais novos, o quão importante é viver com alegria e sem os grilhões da ambição de ter mais e mais dinheiro. Este último não compra o amor, não compra a felicidade, nem a saúde, que é de verdade a nossa maior fortuna.
Quando partimos, lá está a palavra “É vida”, dita com tristeza. Há povos que celebram com cânticos e rituais a partida dos seus entes queridos, porque é uma forma de homenagear quem parte para o outro lado da vida.
Na celebração da vida, por meio de rituais e reuniões, há um reforço nas relações sociais, tão úteis na interajuda humana.
Washington Novaes, um brilhante jornalista brasileiro, certo dia, perguntou a um motorista de táxi, africano, porque razão o povo africano, no meio de tanto sofrimento, ainda conseguia cantar e dançar? O motorista respondeu que, com o sofrimento, aprendemos que a nossa alegria não pode depender de nada de fora de nós, ela tem de ser só nossa, estar dentro de nós. Garanto-lhes, por experiência própria, que é a maior das verdades.
Se a VIDA é um presente, vamos vivê-la com intensidade e alegria e não desperdicemos cada segundo da nossa existência com hesitações e medos limitativos.
Vamos saborear a VIDA em toda a sua plenitude, rindo dos momentos menos fáceis.
Brindemos à VIDA todos os dias, por tudo o que ela nos dá.
Mais um artigo cheio de VIDA.
Muito bom, muito certo, muito incentivador.
Porque, disse o poeta, ” A vida é um acto de encontro, embora haja tanto desencontro pela vida”.
Eu, e quem sou eu ??, acrescentaria: A Vida é um acto de encontro com a própria vida.
O caminho não é fácil, longe disso, mas NESTE ARTIGO DE OPINIÃO TÃO BEM ESCRITO, ESTÀ ISSO MESMO , A FORMA DE FAZER O CAMINHO…CAMINHANDO ( a frase é velha e muito usada, mas não lhe retira o significado ).
Parabéns Mónica Pinto. A vida é tudo isso, mas precisamos, por vezes, de artigos destes, de escritos destes, para refletir.
Mário Barbosa