Chamam-lhe “stress hídrico” e a culpa é da seca, mas, mesmo assim, haverá um aumento de produção e das cerca de 288 mil pipas previstas para esta época, 118 são para vinho do Porto.
Não é novidade que se atravessa o ano mais quente dos últimos tempos e as consequências refletem-se, também, na agricultura, por isso, na região demarcada do Douro, as vindimas foram antecipadas cerca de três semanas. Há até quem já tenha iniciado a época da apanha da uva, tudo por causa do clima quente e seco. Contudo, prevê-se uma colheita de boa qualidade e até um aumento na produção.
Carlos Pereira, da divisão de vitivinicultura da Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte (DRAPN), em declarações à Lusa, explicou que o ano vitícola no Douro caracteriza-se pela “seca prolongada” e “severa”. Este ano, choveu na região menos de 50% do que num ano médio.
O termo técnico utilizado é “stress hídrico”, ou seja, falta de água, contudo, Carlos Pereira assegura que “este não é um problema no Douro porque as videiras já estão habituadas, o que acontece é uma situação pontual de stress hídrico exagerado”, ora, este problema provoca a desfolha precoce da videira e também paragens de maturação.
Mas nem tudo é mau. Já se anda por aí a fazer contas à vida, neste caso, à quantidade de uvas e, de acordo com os dados divulgados em julho pela Associação de Desenvolvimento da Viticultura Duriense (ADVID), este ano, as previsões apontam para um aumento de produção na ordem dos 13 e 22% – traduzido por miúdos, a produção pode andar à volta das 266 a 288 mil pipas de vinho.
Para os mais distraídos, o benefício (palavra tão utilizada pelas gentes da região Douro) é a quantidade de mosto (sumo de uvas frescas utilizado antes do processo de fermentação) que cada viticultor pode destinar à produção de vinho do Porto e o número de pipas a beneficiar na vindima deste ano também já foi afixado. Assim, sabe-se que a região demarcada do Douro vai transformar 118 mil pipas de mosto em vinho do Porto – se as contas estiverem certas são mais 3100 pipas em relação ao período homólogo do ano anterior.