O prazer pela leitura pode ser algo que adquirimos ao longo das nossas vidas, mas pode nascer connosco, despertando com o nosso primeiro contacto com a aprendizagem, em casa junto da família ou na escola.
Conheci uma pessoa que me falou do seu gosto pelos livros e o prazer que a leitura, em tenra idade, lhe proporcionava e continua a oferecer.
Descendente de uma família numerosa e com poucos recursos financeiros, cedo descobre a sua paixão pelos livros e pela leitura.
Naquele tempo, para muitas famílias, o livro era um luxo que não podiam ter. Então, esta criança descobre como ter acesso aos livros. Começa por fazer pequenos trabalhos e o pouco dinheiro que lhe davam ia amealhando até ter o suficiente para comprar um livro. Estou a falar de uma criança em idade escolar, com apenas sete anos.
A adoração dela pelos livros era tal, que assim que os tinha nas suas pequenas mãos, acariciava-os, cheirava-os e tocava-os, com delicadeza e cuidado, como se de um tesouro se tratasse.
Olhar para cada pormenor do livro, desde a capa à contracapa, lê-lo e relê-lo, era algo que fazia com intensidade, guardando na sua memória cada peripécia da história que o livro contava.
O mesmo acontecia com os livros escolares, que tratava com respeito e neles muito aprendeu. O livro para ela é um grande companheiro, cheio de saber, sendo um refúgio para a sua solidão. Os seus melhores amigos eram, sem dúvida, os livros.
O livro continua, neste momento, a ocupar um lugar de destaque na sua vida, porque tem grande avidez por saber mais.
Através dos livros, absorvemos diversificados conhecimentos, que contribuem para a nossa cultura geral. Há livros que nos convidam a viajar, descobrindo novos mundos, outros dão-nos a conhecer a vida de pessoas que se destacaram por motivos diversos e outros que nos captam, de tal maneira, a nossa atenção que conseguimos visualizar e vivenciar tudo o que o autor escreveu.
Há uns tempos atrás os livros não eram tão apelativos, quanto ao seu grafismo, como nos dias de hoje, em que a imagem é deveras importante. Contudo, todos eles nos dão um vasto leque de saber. Enciclopédias, livros de ficção, romance histórico, poesia, biografias, entre muitos outros.
Quando abrimos um livro, partimos à descoberta, como se fôssemos a “Alice no País das Maravilhas”. Quando entramos num livro, saímos dele sempre mais ricos ou não fosse ele um tesouro.
Aquela criança, apesar de não ser rica, conseguia, com o seu trabalho, ter aquilo que mais desejava: um livro.
Hoje em dia, a vida está mais facilitada, uma vez que existem as bibliotecas públicas que proporcionam a requisição de livros e, desta forma, o livro tornou-se acessível a todos os que apreciam a leitura.
O livro deve fazer parte das nossas vidas desde tenra idade. Enquanto pais e educadores, devemos com prazer iniciar as crianças na leitura, começando por lhes ler contos infantis e incentivá-los, quando em idade escolar, a ter por companheiro um livro que lhes dê momentos de lazer com prazer. O exemplo quase sempre parte de cima, por isso, na nossa rotina, o livro deve ser uma presença sentida. Sobre a nossa mesinha de cabeceira, há sempre espaço para um livro.
O primeiro livro apareceu no século XIV, com a invenção da prensa com tipos móveis, pela mão de Johannes Gutenberg e foi nada mais nada menos que a Bíblia.
Desde a descoberta do papiro, o livro tem vindo a sofrer modificações consideráveis ao longo dos tempos, tornando-se mais atrativo, tendo sempre como objetivo o enriquecimento cultural e entretenimento de toda a população.
Com as novas tecnologias, aparece o livro digital, um grande passo na preservação ambiental, atraindo jovens para uma leitura mais apelativa, já que estão familiarizados com os vários dispositivos eletrónicos, revolucionando e facilitando a abordagem ao estudo. Porém, não é acessível a todos, pelo seu custo e analfabetismo tecnológico de uma certa percentagem populacional.
Por outro lado, o livro impresso continua a ser preferido por muitas pessoas que gostam de sentir e folhear o livro, coisa que não acontece com o livro digital.
O primeiro livro digital surgiu pela mão de Michael Hart, criador do projeto Gutenberg, a primeira biblioteca digital do mundo, no ano de 1971. A declaração de independência dos Estados Unidos foi o primeiro livro desta biblioteca.
Invisuais e amblíopes têm também acesso ao livro, através do audiolivro.
A Biblioteca Sonora da Biblioteca Pública Municipal do Porto nasceu a 16 de março de 1972, tendo como objetivo proporcionar, de forma gratuita, aos cidadãos com deficiência visual, uma alternativa através da leitura gravada de livros, por locutores voluntários, que têm um papel importante para o funcionamento deste serviço público de manifesto alcance e utilidade social, contribuindo para a formação e inclusão do seu público-alvo.
De referir que a Biblioteca Sonora da Biblioteca Pública Municipal do Porto foi pioneira no nosso país e inspirou-se num projeto de origem inglesa.
São muitos os utilizadores deste serviço que não se confinam à cidade do Porto, mas se expandem por todo o território nacional, regiões autónomas e estrangeiro.
Recorrem a este serviço, outras bibliotecas, associações socioculturais, centros de reabilitação, escolas e equipas de apoio educativo e a estudantes universitários, bem como, entidades de países de expressão oficial portuguesa.
A Biblioteca Sonora da Biblioteca Pública Municipal do Porto é usada por utentes de várias faixas etárias, níveis de ensino e profissões. Atualmente, o processo de gravação e captação áudio é totalmente digital. São cerca de seis mil os títulos disponíveis que correspondem a quarenta mil horas de som gravados diretamente pela Biblioteca Sonora.
Assim sendo, não restam desculpas para nos habituarmos a ler e induzirmos o prazer da leitura nas crianças. Aproxima-se a feira do livro que se realizará, no Palácio de Cristal, de 1 a 17 setembro, a entrada é livre, com um cenário de grande beleza, onde os livros se enquadram na perfeição. Vá dar um passeio com as suas crianças e convidem-nas a escolher um livro e a levarem-no para casa lendo-o juntos.