OPINIÃO: A Magia das Palavras

As palavras têm magia e esta encontra-se no verdadeiro poder que as palavras encerram. Devemos pensar primeiro antes de abrir a boca e deixar sair palavras que possam magoar, alimentar esperanças, aumentar as expectativas, desejar algo menos bom a alguém, ou falarmos de sentimentos que não existem.

Quanto ao que prometemos aos outros, convém cumprirmos. Não há nada pior do que fazermos promessas que sabemos de antemão que não iremos cumprir, por não termos meios para as concretizar.

Não há nada que se iguale a honrarmos as nossas palavras, uma vez ditas, têm que se materializar, custe o que custar.

Penso que isto dever-se-á aplicar em todos os momentos da nossa vida, quer particulares, quer profissionais, ou seja, no relacionamento que todos os dias estabelecemos com os outros.

Enquanto pessoas ligadas à política, não profiram palavras que induzam os cidadãos a pensar que vão ter tudo aquilo que desejam: desde postos de trabalho, ruas mais limpas, aumentos salariais, atendimento mais adequado em instituições públicas, acessibilidades iguais para todos e muito mais… só porque estão em campanha eleitoral, não é justo!

Passada essa fase, as palavras ditas e escritas em panfletos, distribuídos para os outros, não passarão disso mesmo: palavras e mais palavras, que o vento se encarregará de levar e que ainda ficarão caras a todos os contribuintes.

Porque não rechearmos o nosso discurso, enquanto pessoas ligadas à política, com palavras assertivas e que temos a certeza absoluta que se irão materializar? Porque não dizermos que não temos palavras bonitas, porque a realidade é outra? Porque é que não nos servimos das palavras certas para descrever a verdade consciente e presente em todos nós?

As palavras devem ser simples e entendíveis por todos. Todos temos diferentes graus de compreensão. Nem todos puderam estudar, nem todos somos doutores. Uma palavra pode ter diferentes interpretações, quando escutada ou lida por diferentes pessoas. As palavras que proferimos devem ser sempre positivas e motivadoras, para que, quando confrontados com situações difíceis, possamos acreditar que as iremos ultrapassar. A palavra “sim”, tem um efeito poderoso quando nos deparamos com o desânimo, ou doença. “Sim, eu vou conseguir ultrapassar este momento.” Repeti-la com convicção traz resultados muitos bons.

Há palavras que nos iluminam a alma e nos enchem de alegria. O Amor, o carinho, a Amizade, a dedicação são palavras intensas que, quando postas em prática, dão sabor à vida e alento.

Atenção, para que quando usadas, as palavras sejam sentidas e ditas de forma honesta, para que não criem falsas expectativas nos outros.

Um bom chefe é aquele que, para além de escutar a sua equipa de colaboradores, espalha palavras incentivadoras, elogiosas, criativas e impulsionadoras, para obter bons resultados de produtividade, bom ambiente laboral e brilhantes profissionais.

As palavras negativas não trazem felicidade a ninguém e quando desejamos algo negativo a alguém, a palavra que foi ao encontro da pessoa visada regressa para nós, como se de um boomerang se tratasse, disso podem ter a absoluta certeza.

Cuidado com as palavras geradoras de conflitos, elas arrastam consigo, avalanches de violência que, muitas vezes, levam a desfechos muito infelizes.

As palavras, quando bem usadas, propiciam momentos de pura diversão, de bem-estar, de prazer, de empatia e, desta maneira, uma conversa torna-se leve e dinâmica. Quantas vezes, por assim ser, nem sequer nos damos conta que o tempo passou tão rápido?

Acabamos o dia da melhor forma, muito bem-dispostos. As palavras são como as cerejas, não é assim que o povo diz?

Palavras há que as guardamos apenas para o amor de nossas vidas. Palavras sussurradas ao ouvido da pessoa que amamos, palavras carinhosas, sentidas e trocadas em momentos tão íntimos que desencadeiam em nós estados de êxtase que nos levam a atingir o clímax. Como essas palavras são mágicas! Inesquecíveis! Maravilhosas! Sensuais! Palavras que dão felicidade, conforto e nos enchem a alma de luz.

As palavras de proteção e carinho, que recebemos de nossos pais e que depois as repetimos aos nossos filhos, traduzem-se em laços que nada nem ninguém têm a capacidade de desfazer, por tão intensos serem.

Há ainda as palavras que partilhamos ou com o amor da nossa vida, ou na falta deste, com uma amizade de confiança. São palavras preciosas e que as queremos dizer para nos sentirmos mais leves ou compreendidos, mas que desejamos que fiquem em segredo.

As palavras de ensinamento, que dirigimos aos nossos filhos, para que tenham comportamentos de respeito, de saber estar e saber ser, nas suas relações interpessoais, devem ser dadas com simpatia e não impostas. Com bonomia surtirão mais efeito. Nem sempre é fácil, mas se usarmos a empatia e soubermos controlar as nossas emoções, seremos bem-sucedidos com toda a certeza.

Palavras tranquilizadoras, em momentos de dor ou stress, têm um efeito surpreendente, porque, de facto, estabilizam a pessoa que está numa daquelas situações, transmitindo-lhe capacidade de suportar o mau-estar momentâneo.

Por todas as razões e mais algumas que ficaram por dizer, vale a pena ter muita atenção com as palavras, porque elas têm muito poder. Por tal motivo, usemo-las com sabedoria e respeito.

Vou finalizar, deixando-os com um poema de Alexandre O’Neill, que fala sobre a importância das palavras:

Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca
Palavras de amor, de esperança.
De imenso amor, de esperança louca
Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto;
Palavras que se recusam
Aos muros de teu desgosto.
De repente coloridas
Entre palavras sem cor
Esperadas inesperadas
Como poesia ou amor (…)

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