O regresso às aulas chegou e com ele, sentimentos de ansiedade, medo, insegurança e pressão pontuam o dia a dia dos alunos, de uma maneira geral.
Os que saem da pré-escola e passam para o 1º ciclo do ensino básico, é um mundo novo que vão encontrar, novas responsabilidades os esperam, bem como, novas dificuldades.
Aprender a juntar letras para formar palavras, assim como, desenhar números e começar a juntá-los não é tarefa fácil. A somar a tudo isto, há um novo mundo de pessoas desde: professores, auxiliares de educação e novos companheiros.
O período de adaptação a um novo mundo, a uma nova rotina não é fácil para graúdos, o que fará para miúdos!
Importante para qualquer aluno é ser aceite na comunidade escolar e, sobretudo, pelos seus colegas. É fundamental que os alunos mais velhos façam uma excelente receção aos mais novos e que a solidariedade lhes seja incutida desde sempre para que não hajam atitudes menos cívicas para com qualquer colega. Vivemos em comunidade, logo, como educadores e professores, temos obrigação de ensinar valores positivos aos nossos futuros homens e mulheres. Esses valores começam em casa e devem continuar a ser incentivados nas escolas, para que não sejam permitidos abusos à integridade física e psíquica do próximo.
O ensino, na minha opinião, deve sofrer grandes alterações, porque, desta forma, não teremos grandes resultados em termos de interesse e classificações por parte dos alunos.
Todos os anos se verifica que as classificações ficam aquém das expectativas tanto de professores como dos pais.
Mudam-se os tempos e, com eles, as mentalidades. Os alunos não gostam das aulas, porque: estão sentados de forma desconfortável e inadequada durante muito tempo, a receber informação passivamente. Não havendo interação entre professores e alunos e entre estes, passados uns 15 min, o professor está a falar, mas ninguém o escuta.
As mesas dentro da sala de aula deveriam formar um “U”, para possibilitar a visibilidade entre todos e a participação. O professor sairia do seu “quadrado”, deixaria de dar aulas cinzentas e monótonas para oferecer a possibilidade aos alunos de encontros de conhecimentos dados de forma interessante e colorida, onde todos devem ter a sua opinião sobre o assunto em causa.
Desta forma, o ensino deixaria de ser cansativo, tornando-se interessante, motivando os alunos para a leitura, digital, para se manterem informados e dissertarem sobre determinada matéria, desenvolvendo a cultura e a oratória aos alunos, que deixariam de ter medo de enfrentar o público num futuro próximo.
Este professor, sentar-se-ia, muitas vezes, no lugar do aluno e deixaria de os classificar de forma stressante, ou seja, deixariam de existir os testes que seriam substituídos por fichas de trabalho, realização em grupo de atividades relativas à disciplina e trabalho em laboratório, desenvolvendo o espírito de entre ajuda e equipa no seio da turma que, mais tarde, será aplicado enquanto trabalhadores. O termo “disciplina” deveria ser substituído por “aulas”, que fossem ao encontro dos objetivos dos alunos para os manter focados, ativos e motivados e não a dormir nas aulas, a bocejar, a olhar para o telemóvel ou a falarem entre si, que é o que acontece nas tradicionais salas de aula. Saiam da sala de aula, quando o tempo o permitir, e falem com os vossos alunos sobre um tema à escolha deles, ao ar livre, e motivem-nos a participarem todos de forma descontraída.
Os professores têm que mudar as suas estratégias para captarem a atenção de seus alunos. Devem receber formação para se adaptarem às novas realidades, onde abrir o livro ou projetar matéria de forma rápida, porque há um programa a cumprir, não é de todo o mais indicado para cativar os seus alunos.
Outra atitude que devem evitar é pressioná-los a atingirem determinados valores de classificação porque senão não há futuro nas suas vidas, isso gera pressão e os resultados não são os melhores.
Não é necessário ser autoritário para manter a turma em ordem e focada, é preciso saber ser um bom líder, ser assertivo, empático e interagir sempre com a turma.
O elogio, quando proferido pelo professor, deve ser para a turma e não apenas para um aluno, porque não é correto para com o todo, assim como a chamada de atenção, deve ser feita de forma particular.
A formação de novos professores deveria passar por uma grande renovação de mentalidades e abandono de métodos muito antigos e que já não se enquadram na presente realidade.
Os livros deveriam ser mais atrativos, quem sabe, usando o livro digital, os resultados melhorassem e os cadernos de atividades usados com mais frequência na sala de aula, como método de avaliação sem, contudo, esquecer a interação dentro da turma.
Hoje em dia, os empresários estão a valorizar, mais que o QI, a Inteligência Emocional. Integrar na escola esta formação seria o ideal por proporcionar aos jovens o desenvolvimento do autoconhecimento. Atividades artísticas ajudam a gerir emoções, logo, as escolas deviam apostar na continuidade das aulas de música, dança, artes plásticas, entre outras, ajudando os jovens a descobrirem-se e a formarem futuros adultos mais coloridos, com uma maior amplitude de conhecimentos facilitadores de uma melhor integração no mercado laboral. É evidente que a gestão de emoções deve iniciar-se no seio familiar, mas deve ter continuidade na escola.
Tudo isto que aqui foi escrito dependerá de todos nós enquanto sociedade, mas a mudança deve fazer-se de cima para baixo, ou seja, do Estado e entrar nas escolas, pondo em exercício práticas mais atraentes de ensino.
Não escrevi tudo isto na qualidade de especialista, mas de Mãe, que já foi aluna e que acompanha o seu filho desde o 1º ano do Ensino Básico e que continua a ver e a sentir que praticamente nada mudou na realidade escolar e que vê com preocupação a desmotivação e desinteresse que vem crescendo no seu filho, enquanto estudante, porque, segundo este, não vê grande utilidade nos conhecimentos que são adquiridos nas aulas.