Sim, só que não
O texto que se segue, da autoria de Paulo Ferreira, é meramente fictício.
O Sr. Jornalista Paulo Ferreira está em condições de afirmar, de fonte segura, que o Primeiro-Ministro vai nomear um novo Ministro da Administração Interna que “vai dar um murro na mesa”!
As fontes a que o Sr. Jornalista teve acesso são fontes muito próximas do Primeiro-Ministro.
Conseguiu-se, assim, uma entrevista exclusiva com o futuro Ministro. Deste modo, com algum orgulho, pode-se adiantar, em primeira mão, qual é o diagnóstico que o novo Ministro faz da situação e quais a soluções que preconiza.
Constatou-se que vêm aí grandes e polémicas mudanças!
É do entendimento do Sr. Jornalista que, com toda a certeza, o discurso tão contundente do Sr. Presidente da República foi determinante para esta mudança.
Assim, num primeiro momento, estarão transcritos abaixo alguns trechos duma entrevista exclusiva que o Sr. Jornalista Paulo Ferreira teve com o futuro Ministro da Administração Interna:
Jornalista Paulo Ferreira – Senhor Ministro, qual é o diagnóstico que faz da actual situação dos fogos em Portugal?
MAI – Caro Jornalista, o meu diagnóstico é claro, simples e, ao mesmo tempo, muito concreto. Repare: Qual é um dos nossos problemas no Interior?
Temos uma grande franja da população já com muita idade. E pergunta-me você? Que implicações é que isso tem? Meu caro, sem demagogia, e com toda a frontalidade que os Políticos devem ter, esses cidadãos dão muito pouco ao País e são, em contrapartida, um fardo bem pesado para a sociedade, senão vejamos:
– Estão cheios de doenças;
– Não limpam as matas;
– Vêm um fogo e não conseguem fazer uma coisa básica que é correr;
– Chegam lá as autoridades, GNR, por exemplo, a convidá-los a saírem das suas casas e eles recusam-se;
– Fizeram casas no meio do monte só para dificultar a vida às autoridades quando vem a época dos incêndios;
Conclusão: Só nos dão problemas!
JPF – Sr. Ministro, não acha que o que acabou de dizer é muito grave e revela pouca sensibilidade social?
MAI – Caro Senhor, tenho que ser verdadeiro. Isto vai acontecer mais vezes e mais velhinhos vão morrer e mais casas vão arder. Como disse o Sr. Secretário de Estado, as pessoas têm que ser mais proactivas e não estar sempre à espera que os Bombeiros cheguem.
Sr. Jornalista, vou-lhe fazer uma inconfidência, que espero que não grave. A minha secreta esperança é que haja mais uns fogos e, como a população no interior já é tão pouca, pode ser que, com mais três ou quatro calamidades destas, deixe de haver mais mortes a lamentar no futuro, simplesmente porque a natureza fez a devida limpeza demográfica.
JPF – O que acabou de dizer é muito grave e até desumano, mas, para além disso, em que medida isso acabaria com a calamidade dos incêndios?
MAI – Meu caro, creio que ainda não percebeu a minha ideia. Repare, a partir do momento em que deixe de haver mais População no Interior, o problema dos incêndios já não se coloca.
A partir daí, o Interior pode arder todo, apenas e afirmo aqui parente os Portugueses, este Governo vai assumir de frente este problema e, de uma vez por todas, o interior do País irá deixar de ser um fardo para nós portugueses que vivemos no litoral.
Vamos – e isto é uma promessa que irei fazer aquando da minha tomada de posse – construir uma porta corta fogo desde o Norte até ao Sul de Portugal a separar o Litoral do Interior.
Ficamos de vez com o problema resolvido, conforme tem prometido o Dr. António Costa.
Nós somos um Governo de coragem e não viramos a cara aos problemas como os sucessivos governos anteriores têm feito.
Assim, com esta medida tão simples, resolvemos vários problemas:
– Já não temos que nos preocupar com o reordenamento da floresta, que iria custar uma fortuna;
– O Serviço Nacional de Saúde poupará milhões anualmente, porque muitos dos nossos idosos residem no Interior;
– Aqueles que directamente ou indirectamente ganham dinheiro com a indústria do fogo ficarão “em maus lençóis”, se me permite a expressão.
JPF – A solução que preconiza é, no mínimo, polémica!
MAI – Não, desculpe, não concordo. O que é verdadeiramente inaceitável é este manter deste status quo que interessa a muita gente e traduz a inércia dos sucessivos Governos.
Ao menos, nós iremos enfrentar o problema de frente e na sua génese.
Agora, se me permite, terei que terminar esta entrevista aqui, visto que irei tomar posse.
Obrigado por esta oportunidade de deixar bem claro aos Portugueses que “o tempo das falinhas mansas acabou” e que agora é tempo de passar das palavras aos actos!
Aos leitores, fica aqui o essencial da entrevista ao futuro Ministro da Administração Interna, que ainda não tomou posse, mas que promete causar muita polémica, não só política, mas também social, na Sociedade Portuguesa.
Sim, só que não
Este autor não escreve segundo o novo acordo ortográfico.