Quantos de nós têm animais de estimação? Quais foram as razões que nos levaram a desejar a sua companhia? Que laços criamos com os nossos animais? Estas questões, depois de respondidas, levam-nos a outra pergunta: porque temos a coragem de abandonar os nossos melhores e fiéis amigos ou maltratá-los?
Quando decidimos querer um animal de estimação, seja gato, cão, ou até pássaros, temos o dever de cuidar deles com carinho, alimentá-los, levá-los a consultas periódicas de veterinária, falar com eles, educá-los no sentido de serem sociáveis e criar-lhes hábitos de higiene e tudo isto com calma e tempo para assimilarem os ensinamentos.
Brincar, passear com eles, acariciá-los, dar-lhes espaço no seio familiar, bem como, escolherem o seu lugar para estarem junto de nós a assistir a um programa de televisão, por exemplo. Circularem pela casa com liberdade é fundamental, porque nós humanos também não gostamos de estar presos, ou acorrentados, pois não?
Os nossos animais de estimação nunca se cansam de nós, de nos acompanhar, até mesmo dentro de casa. Quando estamos doentes, eles não nos abandonam, ficam perto do nosso leito, qualquer sinal de indisposição de nossa parte é motivo de alerta para eles e procuram de imediato ajudar-nos ou chamando a atenção de alguém que nos possa auxiliar.
Eles nunca se cansam de nos escutar, podemos falar de tudo, até dos nossos segredos, porque ficarão apenas entre eles e nós, ninguém mais vai saber das nossas angústias, medos ou tristezas. Em caso de pressentirem que estamos em perigo, eles enfrentam tudo e mais alguma coisa, em nossa defesa.
São uma ótima companhia, exercem um poder relaxante quando estamos mais stressados, sentam-se ao nosso lado e apoiam as patinhas ou focinho no nosso regaço como sinal de afeto, transmitindo, desta forma, que não estamos sós, que podemos contar sempre com eles.
Há ainda os cães-guias fundamentais para companhia de pessoas invisuais ou com limitações de locomoção.
Os nossos amiguinhos de quatro patas são ideais para proteger as nossas crianças e até para com elas brincar. Isto faz-me recordar a minha infância e a minha cadelinha, que costumava brincar connosco. A alegria dela quando regressávamos a casa depois da escola era algo que não consigo descrever, porque era tão intensa e efusiva a receção que ela nos fazia, que volvidos todos estes anos, lembro-me dela, do brilho nos seus olhos, das deliciosas lambidelas de afeto vindas dela e das brincadeiras, como não podia deixar de ser, em que a paciência dela era maravilhosa.
Foi uma companheira sem igual na minha infância. Por tudo isto, não entendo como existem seres humanos que maltratam ou abandonam os seus animais.
Há, infelizmente, muitos animais que são usados como sacos de boxe, para descarregar as frustrações e indisposições de muitos humanos. Eu gostaria que essas pessoas se pusessem no lugar de seus animais, que deveriam ser estimados, para experimentarem as dores que lhes infligem e avaliarem se as suas atitudes são admissíveis e corretas. Não há nada melhor do que nos colocarmos no lugar do outro e, quando se trata de um animal que não se quer defender, porque respeita as hierarquias, ainda melhor.
É simplesmente vergonhoso maltratar um animal que escolhemos para fazer parte de nossas vidas e que tudo faz para nos defender sempre que necessário. Estas pessoas que assim procedem deviam ser penalizadas e enfiar a cabeça dentro de um buraco. São tão vergonhosas as suas atitudes quanto inadmissíveis.
O abandono de um animal, cão ou gato, é outra atitude vergonhosa e condenável. Os nossos animais de estimação nunca teriam a coragem de nos abandonar, de nos deixar sós e desamparados e em situação de perigo. Nunca eles nos fariam isso e, no entanto, são animais irracionais, mas de uma lealdade e sensibilidade surpreendente e incomparável.
Só de pensar o que um animal que, era suposto ser de estimação, sofre depois de abandonado, em locais que desconhece e perigosos, como autoestradas, florestas, e o destino que irá ter que enfrentar, só e desorientado, provoca-me uma dor de alma tão grande, que as lágrimas me enchem os olhos. Como é possível haver tanta crueldade?
Há ainda seres humanos que aproveitam o facto de terem animais, para com eles ganharem prestígio, ou dinheiro, com desfiles de pura vaidade ou em lutas horríveis, sem se compadecerem com o facto do seu animal de estimação, ficar stressado, magoado, revoltado e em sofrimento.
Já há leis que penalizam estas atitudes vindas de muitas pessoas, relativamente aos seus animais de estimação, mas, infelizmente, continuam a haver ainda muitas situações condenáveis e feitas às escondidas.
Ainda bem que há o microchip identificador que veio reduzir a taxa de abandono dos animais por parte de seus donos. Fiquei contente por saber que os animais, que são recolhidos pelos canis e gatis e todas as instituições que os acolhem, já não optam pela eutanásia, mas pela esterilização e adoção.
Pensem que, quando forem de férias, o vosso animal tem de fazer parte delas e, por tal motivo, acompanhar-vos. Habituem o vosso animal ao vosso automóvel, os gatos viajarão menos nervosos se optarem pelas caixas de transporte adequadas e espaçosas, logo confortáveis, para o cão ou cadela há cintos próprios e que se adaptam à viatura e, por Deus, nunca deixe o seu animal dentro da viatura, isso é outra maldade.
Quando adotamos um animal, lembrem-se, que é para toda a vida, para eles que também nos adotam, nós faremos parte da sua vida para sempre, se por acaso, nos acontecer uma fatalidade e ausentarmo-nos por alguns dias, ou para sempre de nossas casas, não tenham dúvidas que eles ficarão à porta, aguardando o nosso regresso, tristes e angustiados e muitos sucumbem à tristeza.
Pensem muito bem antes de quererem um animal, porque terão de estimá-lo e respeitá-lo, alimentá-lo, levá-lo ao médico com regularidade, passear com ele, tratar dele como se fosse um filho e dispensar-lhe a atenção que ele merece, assim como, lembrarem-se dos seus direitos, porque, apesar de animais, eles têm direitos que nunca deveriam ser esquecidos pelos seus donos.
Sim…é isto mesmo.
Nem saberia acrescentar ou “podar” algo do que aqui se escreve, tão bem
Animais de estimação, com estima, com amor, como membros de uma casa e de uma família…
Os nossos corações ainda vertem lágrimas por tantos animais que morreram em toda esta tragédia que os incêndios nos trouxeram
OBRIGADO ( é bom ter quem agradeça quando se gosta…penso eu ).
Mário Barbosa