ESTÁDIOS DE ALMA: Nos distritais, onde a paixão e o jogo são outra loiça!

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Eduardo Carvalho, 28 anos, Analista de estratégia em futebol

Voltou o frio. Para quem “respira” futebol, nada é mais aconchegante do que o calor humano que se sente nos estádios de equipas amadoras. Amadoras não só pela estrutura pouco ou nada profissionalizada, mas, acima de tudo, pelo “Amor à camisola” de quem se envolve a fundo na causa do seu clube!

O “Estádios de Alma” foi até ao Complexo Desportivo de Valadares, que recebeu o Padroense, num jogo a contar para a Série 1 da Divisão de Elite – Pro Nacional – da AF Porto.

Num duelo entre um “bebé” – os anfitriões foram fundados em 2011 – e um histórico dos distritais, foi o Valadares Gaia FC a começar melhor. Empurrados pelo público, os visitados acabaram por conseguir chegar ao golo cedo no jogo, por intermédio de Gabriel Aquini!

Seguiu-se um jogo próprio dos distritais, com muita luta a meio-campo. O Valadares ia, amiúde, revelando mais qualidade a sair das zonas de pressão, num futebol combinativo que procurava preferencialmente Jorge Gonçalves. O extremo-direito dos gaienses, um velho conhecido dos principais escalões, veio, provavelmente pela paixão pelas raízes do futebol nacional, parar aos distritais. É uma boa surpresa ver estes notáveis promover os escalões inferiores, sem qualquer tique de vedetismo!

Sempre que Gonçalves tirava um cruzamento, a bola parecia seguir teleguiada para quem aparecia em zona de finalização. Contudo, o Valadares não conseguia aumentar a contagem e o Padroense, que ameaçava, sobretudo, em contra-ataque, ia ganhando confiança.

A parte final da primeira metade do jogo acabaria por ser dominada pelos visitantes, que haveriam de chegar ao empate, por Pedro Meneses!

A etapa complementar começa com o Valadares a “mandar” no jogo, numa posse mais intensa, claramente à procura de novo golo madrugador. No entanto, a defesa adversária – sobretudo o eixo, comandado pelo marcador do golo, o nº 3 Meneses – ia resolvendo os problemas, limpando tudo pelo ar, precisamente, o modo como os amarelos e azuis mais procuravam chegar à baliza matosinhense.

Com o decorrer dos minutos, repetia-se o filme da primeira parte, com o emblema de Padrão da Légua (Senhora da Hora) a “crescer”, tendo como corolário o tento do jovem Pedro Freitas!

A partir desse momento, os visitados não mais largaram o domínio do jogo, “mais com o coração do que com a cabeça”, até porque tiveram de “partir” o jogo e perder o controlo do mesmo para conseguir impor o ritmo. Os padroenses eram, inclusivamente, os que levavam mais perigo à área contrária, queixando-se mesmo de uma grande penalidade do guarda-redes Fábio Carvalho sobre o nº 7 – outra vez ele – Freitas.

Todavia, seria o risco dos de Vila Nova de Gaia – o treinador Arlindo Gomes fez uma espécie de all-in ao subtrair um defesa e acabar a partida com quatro avançados – a ser recompensado: Aquini bisou, na cobrança de um castigo máximo, e deixou os seus adeptos eufóricos com o desenlace dramático!

O Valadares Gaia FC continua na liderança da competição, mas o Padroense FC não deixou o adversário escapar ainda mais, mantendo-se os seis pontos de distância entre ambas as equipas.

Foi uma gratificante incursão pelos “subúrbios do futebol português”, onde a paixão pelo jogo é genuína e onde se vive verdadeiramente o clube da terra!

 

Este autor não escreve segundo o novo acordo ortográfico.

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