Caos foi um dos primeiros deuses gregos e o seu nome está associado com uma força obscura capaz de criar vida através da divisão. Ele foi pai de Nyx (noite) e de Érebus (escuridão), que nasceram de pedaços seus. Estes, após terem sido retirados do seu corpo, evoluíram e transformaram-se em novos deuses…
Ainda hoje associamos à palavra «caos» o conceito de «confusão», «discórdia», «separação», «desordem», «desunião» e «desespero», o que, obviamente, não faz desta palavra uma das nossas favoritas (ainda para mais, numa época de final de ano, tradicionalmente associada ao Natal e aos nossos sentimentos mais puros de «amor fraterno», «união», «paz» e «felicidade»)…
Não obstante a nossa antipatia para com esta palavra e os conceitos a ela associados, a verdade é que, em termos científicos, o aumento do caos está relacionado com o aumento da desordem na movimentação das partículas de um sistema e este está associado ao aumento da entropia, propriedade geradora de transformações…
Assim, não há transformação caso não haja variação da entropia e não há variação de entropia, se não existir o caos… Podemos concluir, então, que o caos é um fator motivador de transformações…
Nas nossas vidas, também existem situações onde o caos impera… Nessas alturas, sentimos que o nosso mundo desmorona e que tudo parece uma confusão só… Por vezes, sentimo-nos sós, em desacordo com o mundo à nossa volta… Por vezes, nada parece estar no seu lugar e, aparentemente, somos nós contra o mundo…
Tal como nas ciências, nas nossas vidas, o caos também é uma semente que promove mudanças e que transforma o nosso quotidiano.
Claro que essas transformações poderão ser boas ou más, conforme o nosso referencial, ou seja, conforme contribuam positivamente ou negativamente para os nossos objetivos… Por esse motivo, tememos sempre a mudança…
Quantas pessoas o leitor não conhece que, por medo de arriscar, preferem permanecer medíocres e não desenvolvem todo o seu potencial? São lagartas que, por medo da mudança, não se transformam em borboletas!
As mudanças impedem a estagnação… E o caos, porque nos obriga a fazer transformações, impede que pereçamos estagnados, como água parada…
Mas, voltando ao real, hoje inicia 2018 e, como sempre, o início de cada ano traz consigo dúvidas e mudanças… Este ano não é diferente e, depois das doze badaladas do Ano Novo, dei comigo a imaginar se seria capaz de fazer frente às dificuldades deste novo ano e de lidar com as mudanças que terei de realizar ao longos dos doze meses que tenho pela frente…
Imagino que o leitor, assim como eu e o resto do mundo, deve ter diversos medos e que a imprevisibilidade do futuro faça com que tema o caos…
No entanto, assim como as lagartas enfrentam a mudança e transformam-se em borboletas ou mariposas, também nós, seres humanos e senhores do nosso destino, somos capazes de enfrentar os nossos receios e as mudanças provocadas pelo caos das nossas vidas!
Assim, caro leitor, deixo o meu desejo de muitas e felizes transformações!
Feliz 2018!