OPINIÃO: O desenvolvimento sustentável dos CTT

A redução de lojas e de pessoal nos CTT é o percurso natural de uma empresa que não soube evoluir paralelamente às tecnologias que dominam os mercados e o Mundo.

A celeridade, a comodidade e os benefícios ambientais que as novas tecnologias nos trouxeram, tornaram o correio tradicional obsoleto. Em 17 anos, as receitas com os envios postais diminuíram cerca de 50%, passando de 1400 milhões de cartas enviadas para 700 milhões. Tornou-se, por isso, evidente e imperativo, uma redução de custos e um aumento de receitas. Atitude essa que seria tomada quer a empresa esteja em domínio privado, quer a empresa fosse de domínio público.

Exemplo de que o domínio público não salvaguarda a posição dos trabalhadores nem dos seus utilizadores é o caso da Caixa Geral de Depósitos, que, apesar de ser completamente público, não escapou ao pouco afamado percurso de encerramento de balcões e corte de pessoal para garantir a sua sustentabilidade.

Neste sentido, o percurso dos privados não se desalinha do percurso traçado pelas empresas públicas. Dá até a sensação de que os privados têm aqui certos cuidados especiais que, por vezes, são completamente descurados nas empresas públicas. Isto porque, supostamente são obrigados e fiscalizados no correto cumprimento dos serviços de interesse público.

Para além disso, tendo em conta, a recente criação do banco CTT e a constante aposta feita pelos CTT no comércio eletrónico, prevejo que a médio prazo estejamos perante uma empresa completamente adaptada aos mercados e ao mundo tecnológico, competindo eficazmente com outras empresas internacionais do mesmo ramo de atividade.

Acredito que as medidas tomadas por Francisco Lacerda foram as mais eficazes para estancar um problema que já vinha deteriorando cada vez mais o nome e os serviços desta empresa. Espero, contudo, que isto seja o verdadeiro virar de página dos CTT para o novo mundo.

Relativamente ao cumprimento dos serviços prestados às populações, os CTT são obrigados cumprir o contrato de concessão assinado com o Estado, em que duas das imposições são: o cumprimento de um serviço de qualidade e a não redução de postos para além do permitido.

Se assim é, os CTT, provavelmente em parceria com as várias entidades de governação local e regional, terão de convergir os interesses de forma a conseguir, por um lado, uma redução de custos pela empresa e, por outro lado, preservar o serviço de qualidade às populações.

Por tudo isto, penso que as populações onde se encontravam estes balcões que agora encerram, como é o caso das Termas de S. Vicente, em Penafiel, vão ter de ser compensadas por algum outro serviço similar capaz de cumprir o serviço de qualidade.

No entanto, cabe sempre, em última instância, ao Estado, através da sua entidade reguladora – ANACOM – entender se estão cumpridos todos os pressupostos do contrato de concessão e, se tal não acontecer, aplicar as devidas sanções e inclusivamente reverter a concessão.

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