OPINIÃO: Infantilizar para desculpabilizar!

A Revista Científica “Lancet Child & Adolescent Health” publicou um estudo que nos diz que a adolescência se prolonga dos 10 aos 24 anos de idade, aconselhando os governos a adaptarem as suas leis a esta nova realidade.

Ao que parece, devemos infantilizar os nossos jovens, prolongando as suas borbulhas, fazendo assim frente ao desemprego jovem, à falta de oportunidades laborais e ao início da vida adulta, que se faz cada vez mais tarde ao invés de resolver este paradigma do presente e que, por este caminho, só tenderá a piorar no futuro…

É isto que define a “Geração Kanguru”, que fica em casa dos seus pais até bem depois dos 30, como se isso fosse saudável para qualquer jovem que, nessa idade, já é mais que biologicamente adulto.

A vida adulta é adiada, mascarada numa juventude cujos dias já não são tão jovens assim…

Fazemos destes jovens os impulsionadores da Economia da Partilha, a geração que prefere, aparentemente, ver o seu dinheiro gasto em viagens e experiências porque afinal o dia de amanhã é tão incerto como o hoje e, na sua maioria, carro e casa própria são luxos pertencentes à geração dos seus pais.

Os sonhos não mudaram, a vida é que mudou. E é aqui que deveríamos actuar, para oferecer às gerações do presente as oportunidades e o sentido de responsabilidade no seu tempo certo.

Ao invés, inundamos estes mesmos jovens com os sonhos do empreendedorismo que, em muitos casos, dão certo, é verdade, mas noutros (na sua grande maioria) perde-se tempo e dinheiro a brincar aos negócios…

Não estamos igualmente a educar os mais jovens para os empregos do futuro.

A maioria dos cursos superiores têm programas obsoletos face ao desenvolvimento tecnológico que corre num tempo mais rápido que os nossos dias.

Para não falarmos dos cursos profissionais, que foram marginalizados após o fim das escolas industriais, que preparavam profissionais para o mercado de trabalho muitas vezes com mais créditos que muitos cursos universitários que vemos terem empregabilidade reduzida.

Outro estudo recente revela, e bem, que, nos próximos anos, teremos falta de mão de obra qualificada.

Entenda-se que qualificada não significa que teremos poucos licenciados saídos da “Geração Canudo”….

Teremos, na realidade, poucas pessoas que façam face às oportunidades de trabalho do mundo real porque, enquanto desculpabilizamos e infantilizamos as novas gerações, estamos a esquecer o mundo real…

Esta autora não escreve segundo o novo acordo ortográfico.

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