O “Estádios de Alma” voltou à antiga II Divisão B para acompanhar um dérbi nortenho: o Amarante, sexto classificado, recebeu o Felgueiras, que fechava o pódio da prova à entrada para a jornada 18.
Os que equipavam “à Barcelona”, recentemente sob a orientação do ex-futebolista Ricardo Sousa, fizeram valer do seu estatuto ao tomar a iniciativa de jogo.
Logo aos 6 minutos, uma jogada pela direita do ataque visitante culmina num cruzamento perfeito para Patrick, que se antecipa de cabeça para inaugurar o marcador. O cabo-verdiano fazia, com o marfinense Zakpa, uma dupla de ataque competente na procura de espaços entre linhas.
A partir de então, a equipa da casa tomou conta do jogo, nem sempre com grande esclarecimento, mas asfixiando a construção felgueirense, graças à capacidade de recuperação de bola em zonas adiantadas do terreno.
À passagem do quarto de hora, o ambidestro Rui Magalhães irrompeu o último terço visitante com a bola controlada, aproveitando o espaço concedido para desferir um remate indefensável, junto ao poste esquerdo da baliza do Felgueiras. Estava feito o empate!
Os anfitriões faziam uso da velocidade na transição defesa-ataque para encetar algumas jogadas combinativas. Numa dessas jogadas ao primeiro toque, iniciada na sua zona defensiva, Marquinhos recebeu o passe de Magalhães e rematou cruzado, com o guardião do Felgueiras a responder com uma grande defesa.
Nos últimos minutos do primeiro tempo, os forasteiros voltaram a instalar-se no meio-campo amarantino, mas foi o conjunto adversário a criar perigo, em contra-ataques gizados com simplicidade e critério.
O segundo período começou com a mesma toada: o Felgueiras a procurar dominar com fluidez na posse de bola, mas essa circulação era algo lenta e previsível.
Estavam decorridos 5 minutos e Romeu Rocha, um dos melhores no Amarante, caiu agarrado à coxa – tendo ainda reentrado com uma fita elástica -, acabando por sair lesionado. O reforço impôs – enquanto esteve presente – o seu físico nos duelos a meio-campo, sempre com visão de jogo e precisão no passe.
O seu substituto, Kingsley, acabaria por entrar bem na partida, injectando mais dinâmica à organização ofensiva dos alvi-negros.
Sem o castigado Paul Ayongo – figura da equipa e principal artilheiro da liga -, o treinador Pedro Pinto optou por adaptar o médio Hélder Pedro ao eixo de ataque – caindo nos flancos e recuando amiúde para participar no processo colectivo -, o que retirou referências de marcação à defensiva adversária.
Exemplo disso foi a jogada do 2-1: incursão pela esquerda, com um excelente passe para a desmarcação de Hélder Pedro que, após ganhar a dividida na raça, desviou à saída do guarda-redes, com um toque subtil.
O técnico felgueirense retira, então, Alex Machado – o jovem pivô, que fez quase toda a formação na sua Amarante natal, estava a ser um dos melhores nos visitantes – para colocar em jogo o flanqueador algarvio Evandro Gomes.
Logo a seguir, nova jogada pela asa esquerda do ataque do Amarante, com Marquinhos a ganhar o duelo na ala e a deixar em Hélder Pedro, com o jogador que fez toda a sua formação em Felgueiras a disparar cruzado para ampliar a vantagem.
Num dos raros contra-ataques dos visitantes, Patrick aproveitou a descompensação defensiva contrária para, à saída do guarda-redes Paulo Jorge, picar em chapéu, mas a bola saiu por cima da barra.
Mais rápido sobre a bola, o conjunto caseiro demonstrava mais rasgo individual e colectivo.
Os forasteiros, pelo contrário, procuravam as jogadas individuais, como aquela em que Patrick dribla dois adversários pela direita, mas não consegue evitar que o esférico saísse pela linha final.
Já com Luiz Henrique – mais conhecido por Luizão – no lugar de Marquinhos, os amarantinos procuravam segurar a bola em zonas mais adiantadas.
Exceptuando uma jogada confusa, com remate perigoso mas desviado por um defesa oposto, os visitantes lograram-no, mantendo o resultado até ao final.
No final, o Amarante pôde festejar um triunfo particularmente saboroso, aproximando-se do seu rival na luta pelos lugares cimeiros da tabela. A equipa tem limitações quer defensivas, quer ofensivas – depois das saídas sucessivas de Marquinhos e Rafinha deixou de haver um verdadeiro “10”, por exemplo -, porém revela uma dinâmica colectiva que a pode elevar para patamares superiores.
O Felgueiras, por seu turno, falhou a colagem aos líderes Espinho e Cinfães – que também perderam esta jornada -, mas com individualidades como Xavi, Alex Machado, Ricardo Fernandes ou a “comunidade” africana de avançados, tem matéria-prima para se manter como candidato à subida de divisão.
Este autor não escreve segundo o novo acordo ortográfico.