Um dos canais da televisão portuguesa foi proibido de transmitir um programa, com o objetivo de ajudar os pais a responderem às várias faltas de bom comportamento dos filhos de hoje em dia.
Não vou criticar o programa, porque já muitos o fizeram, mas gostava que me respondessem ao seguinte: porque é que, há uns anos atrás, este tipo de programa não existia? Suponho que todos saberão a resposta. Porque os pais tinham mais autoridade sobre os filhos e podiam exercê-la sempre que as circunstâncias assim o exigissem.
Antes, quando desobedecíamos às regras estabelecidas pelos nossos pais, sofríamos, justamente, o castigo merecido e, se questionássemos e levantássemos a voz ao pai ou à mãe, estaríamos sujeitos a levar uma palmada. Havia o choro da criança mal-comportada, mas também, a atitude incorreta não se voltaria a repetir, de todo.
A criança, que desobedecia e era punida pelos pais, não só reconhecia o seu erro, como não deixava de amar os seus progenitores e por eles sentir um grande respeito.
Nos dias de hoje, a sociedade está muito permissiva, em minha opinião. Concordo que deverão existir instituições que protejam os direitos da criança e jovens adolescentes, depois de termos assistido a alguns acontecimentos bárbaros contra a integridade física de muitas crianças e seu desaparecimento. Estas atitudes perpetradas por pessoas, que decerto tem distúrbios mentais, devem ser devidamente castigadas pela lei portuguesa, com a consequente prisão de muitos anos.
Contudo, é preciso separar o trigo do joio, como se costuma dizer e, enquanto sociedade, não sairmos por aí a penalizar os pais só porque têm como objetivo formar e educar os seus filhos, achando-nos no direito de apontar o dedo aos pais que se viram na situação de aplicar um castigo ou uma palmada, por falta de respeito dos seus filhos. Claro que não estou a falar sobre castigos anormais, como acorrentar crianças e outras barbaridades, que fique bem claro, porque sou contra esse tipo de métodos, porque enquanto criança, nunca fui alvo de tais situações, mas levei algumas palmadas justas e que serviram de lição, bem como, sair com amigas, se me portasse mal, já sabia que não o podia fazer durante um tempo determinado pelos pais. E isso só me fez bem e não deixei de amar os meus pais e de estar perto deles quando mais precisaram de mim.
Hoje, os valores inverteram-se, por culpa de todos nós. Os filhos pensam que podem tudo. Desobedecer às regras estabelecidas em casa, falar alto para os pais, ofenderem e agredirem psicologicamente e até fisicamente os seus progenitores. E se aplicarmos uma bofetada bem merecida aos nossos filhos, estamos sujeitos a ser julgados em praça pública ou, então, ainda mais grave, os filhos agredirem-nos de imediato ou ameaçarem e concretizarem a auto-agressão e culparem os seus pais daquilo que infligiram a eles próprios e se não houver testemunhas vizinhas, a lei vai ficar contra estes pais. Parece-lhes justo? A minha opinião é: «não, de todo!»
Existem profissionais aptos a ajudarem os pais, crianças e jovens neste tipo de situação, julgamos nós, e, em privado, ou em programas com presença de psicólogos e pedopsiquiatras, sem a exposição de progenitores e seus filhos, ótimo!
Os resultados, em termos de percentagem, atingem os 100%? Creio que não, porque muitos destes jovens são irredutíveis. Porque muitos destes pais já estão cansados de remar contra a maré.
Muitos jovens que têm comportamentos lamentáveis em casa, na escola ou noutro lugar, são o oposto, ou seja, irrepreensíveis. Por outro lado, há os que tanto se portam mal na escola como em casa e ainda os que se portam bem em casa e, na escola, são um «ai Jesus!». Estes últimos, talvez, ainda tenham pais à moda antiga, que não querem saber de julgamentos por parte da vizinhança sempre pronta a manifestar-se.
«Têm que ter paciência» é o que os pais mais ouvem, ou «sabe, estão a atravessar uma fase difícil», «é a adolescência!», esquecendo-se que também já passaram por todas essas fases, mas que faltas de respeito nunca lhes foram permitidas, nem o ultrapassar de limites. A frase, na altura muito ouvida, e hoje, ainda que raramente, «cada macaco no seu galho», tinha muito significado. O respeito pelas hierarquias e isto tem de começar em casa.
É muito difícil ser mãe ou pai. Nem sempre acertamos, não somos perfeitos. Fazemos o melhor pelos nossos filhos e nem nisso eles reparam.
Quando dizemos «não», é para o bem deles. Quando impomos regras e limites é para os preparar para a vida e é muito triste quando não somos ouvidos e acabam por fazer o que muito bem entendem, porque a vontade e a «razão» deles é o que importa. Os pais não sabem nada. Não tem qualquer importância na vida deles. Esquecem-se, entretanto, que são os seus progenitores que os alimentam, vestem, calçam e estão sempre lá, nos momentos mais dolorosos.
«Filho és, pai/mãe serás» e, como se diz: «nesta vida tudo se paga». Se o bem fizeres o bem receberás e o contrário também se aplica.
Enquanto pais, teremos que fazer prevalecer a nossa autoridade orientadora e os filhos terão que se convencer que, enquanto dependerem de seus pais, têm que obedecer às regras da casa paterna, porque isso é um ensinamento para a vida.
A sociedade é feita de regras, de horários e de hierarquias. Os jovens de hoje, convençam-se de uma realidade, por muitas qualificações que possuam e competências, se se apresentarem a uma entrevista de trabalho com arrogância, não passarão à fase seguinte. No ambiente laboral, se forem agressivos para com os vossos colegas e não obedecerem aos vossos chefes, acabarão por perder o vosso trabalho e, como tudo nesta vida se sabe, tenham a certeza que ninguém vos dará oportunidade de trabalho.
Melhor será mudarem a vossa postura de arrogantes e desrespeitadores para com os vossos pais, porque isso só vos trará benefícios futuros. Experimentem colocarem-se no lugar dos vossos pais e ouvirem sempre respostas cruéis e indesculpáveis e tenho a certeza que mudarão a vossa maneira de ser e estar para com eles que são um dos vossos mais preciosos tesouros. E disso não tenham dúvidas!
Muito BOM
Eu sei que os tempos mudam, eu sei que temos que evoluir como pais
Eu sei que existe o supremo interesse da criança
Eu sei que Não Existe o Supremo Interesse do Educador
E mais não digo …porque tudo está dito neste texto.