OPINIÃO: Vesta e Poseidon – Personagens de janeiro em Portugal?

Vesta e Poseidon foram dois deuses da mitologia grega. Vesta era a deusa do fogo e Poseidon era o deus supremo dos mares e dos terramotos!

Aparentemente, estes dois deuses têm estado muito ocupados em Portugal, tendo a presença destes dois deuses sido bastante notada durante este primeiro mês do ano…

Como é do conhecimento do leitor, em meados de janeiro, ocorreu um incêndio em Tondela que provocou diversas mortes… Uma tragédia que encheu de luto e de tristeza os nossos corações e que demonstrou que o fogo, que caracteriza a deusa Vesta, é um inimigo mortal…

Também Poseidon, o deus senhor dos terramotos, tem revelado aos portugueses a sua presença, ainda que de forma mais branda… Dos tremores de terra sentidos durante este mês, a intensidade do mais forte rondou o 4 na escala de Richter, intensidade que não sendo mortal, causou preocupação em todos que a sentiram…

Na realidade, as personagens mitológicas de Vesta e Poseidon personificam dois perigos reais e bastante comuns: o fogo dos incêndios e as derrocadas associadas aos tremores de terra.

A análise superficial das notícias da tragédia de Tondela deixou no meu imaginário algumas dúvidas sobre a segurança dos materiais usados no edifício e a certeza de que a evacuação das pessoas do recinto foi uma das principais dificuldades que impediram a sobrevivência de várias pessoas…

Na realidade, em qualquer incêndio, a segurança está sempre em causa, pelo que a sobrevivência das pessoas e o afastamento das mesmas da zona de perigo deve ser prioritário e, tanto quanto possível, imediato…

Nos terramotos, o maior risco está relacionado com as derrocadas, mas a possibilidade do surgimento de incêndios subsequentes não é negligenciável, pelo que também aqui a
prioridade deve ser a sobrevivência e o afastamento imediato das pessoas das zonas de perigo.

Só que, para garantir isso, é necessário garantir que cada pessoa em perigo saiba o que fazer e quando fazer, o que só acontece se as pessoas em perigo tiverem um plano que possam seguir…

No caso de Tondela, infelizmente, as pessoas não sabiam o que tinham que fazer… Não tinham qualquer plano prévio e, por isso, o número de mortos foi tão grande…

Mas como ter um plano se não sabemos o que vai acontecer ou se vai acontecer alguma coisa?

Saiba, meu caro leitor, que cada edifício/recinto (escolas, hospitais, etc), conforme a sua utilização e estrutura, apresenta um risco diferenciado face a incêndios, a problemas com terramotos ou a outros perigos. Esse risco pode ser previsto e as melhores alternativas para reduzi-lo e, depois, (em caso de contingência) facilitar a evacuação das pessoas envolvidas podem ser pensadas e registadas num plano de emergência.

Se esse plano for conhecido por todos os utentes do edifício/recinto e se for treinado suficientemente (através de simulacros), cada utente saberá o que fazer em caso de emergência e as suas chances de sobreviver aumentarão…

Lembram de Tondela? As pessoas não sabiam o que fazer…

Existe legislação que regulamenta esses planos, referindo a informação que devem possuir e quem necessita desenvolver esses planos… Mas nenhuma legislação será eficaz se cada um de nós, enquanto cidadão atento e preocupado, não exigir o seu direito…

Dado que estou ligado ao ensino, permita que lhe faça uma pergunta: Por acaso (o amigo leitor) já participou em algum simulacro de incêndio, ou, pelo menos, teve conhecimento de algum que tenha havido na escola do seu filho (ou no lar onde estão os seus avós)?

Por acaso, alguém informou o seu filho (ou a sua avó) o que fazer se, enquanto ele/a estiver na sala, ocorrer um terramoto? Não?

Pois…

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