OPINIÃO: Desigualdades

Um destes dias fiquei impressionada com imagens de jovens venezuelanos, muito magros devido há escassez de alimentos, num país que tem tudo para dar uma vida digna a seus habitantes. Neste momento, há muita gente que procura no lixo algo para comer. Não existem medicamentos, nem para as doenças crónicas, e os hospitais não têm condições básicas de higiene e, muito menos, aparelhos adequados ao tratamento de doentes com insuficiência renal, por exemplo.

Os jovens daquele país que são os futuros líderes de empresas, os futuros trabalhadores em qualquer setor económico e, ao fim e ao cabo, o tesouro de uma Nação, estão a ser negligenciados e a perecer de fome e de doenças. Isto é, na minha opinião, inadmissível, inaceitável e tem que ter forçosamente uma solução rápida e eficaz.

É urgente fazer algo por este povo! Que todos os povos das Nações mais ricas façam algo para travar esta onda de desumanidade, não só naquele país como em tantos outros.

Todos juntos somos o mundo e temos responsabilidades no que respeita a auxiliar quem se encontra em situação tão grave.

Há muita gente, por este mundo fora, que sofre diariamente por causa de pessoas que governam os seus destinos. E assim é, desde as primeiras sociedades. É sempre o povo, que se encontra na base da pirâmide, que sofre as consequências de uma má gestão por parte de pessoas que prometem igualdade de direitos, trabalho para todos, habitações condignas, regalias sociais, direito à saúde e educação… e depois de instalados, não mais se lembram das palavras proferidas durante as campanhas eleitorais.

Se repararmos, os políticos ficam demasiado nutridos ao fim de alguns meses de governo. A estes e a seus familiares e amigos nada falta, mas ao povo falta o cumprimento de promessas feitas e que, a maioria das vezes, ficam guardadas dentro de uma gaveta, por longos anos.

As desigualdades acentuam-se na sociedade de hoje em dia. Os pobres ficam cada vez mais pobres e os ricos cada vez mais ricos. Aquelas geram mau estar entre as pessoas, que, de tanto suportarem, acabam por se manifestarem nas ruas contra quem por elas nada faz. O mau estar, desencadeia conflitos, assaltos, pilhagens, mercado negro… é um “salve-se quem puder”. Instala-se a desordem, a violência. O mais forte contra o mais fraco e, no meio disto tudo, as crianças e os idosos, mais vulneráveis, são apanhados e, muitas vezes, fazem parte da lista de pessoas mortas, só porque tiveram o azar de estar no local e na hora errada.

Quando é que isto vai parar? Quando vamos deixar de ser egoístas e olharmos para o outro como se olhássemos para nós? Se não queremos o nosso mal, devemos querer o bem para toda a humanidade.

Devemos tudo fazer para acharmos o ponto de equilíbrio. É fácil? E desde quando grandes proezas são fáceis? Se houver união, se nos voltarmos uns para os outros e nos olharmos, olhos nos olhos, se unirmos esforços e dermos as mãos uns aos outros num objetivo comum, se aceitarmos as diferenças como uma mais valia, se dissermos não a toda a espécie de violência, se não nos deixarmos corromper e cegar pela ambição desmedida e se sentirmos compaixão pelo nosso semelhante, penso que construiremos uma sociedade mais humana e as desigualdades tenderão a desaparecer como o fumo.

Claro que não é de um dia para o outro, porque o caminho faz-se caminhando, mas é urgente que mudemos mentalidades e que nos ajudemos mutuamente. As guerras não trazem nada de positivo à humanidade, só destruição, doenças e pobreza.

O desemprego também gera a desigualdade. É outra situação que não entendo, o fecho de tantas empresas, muitas com um certo peso na sociedade e que tinham tudo para se manterem abertas e garantirem os postos de trabalho de seus funcionários, que a elas se dedicaram durante muitos anos. Qual vai ser o destino dessas pessoas, muitas já na meia idade? E se forem mais jovens? Quanto tempo vão esperar, para que novas portas se abram no mercado laboral? Depois do subsídio de desemprego acabar, de que irão viver essas pessoas? Porque é que muitos empresários desistem aos primeiros sintomas de que algo não está bem? Porque não mudam de estratégia? Ou porque não geriram melhor o seu património?

Não estou aqui para julgar ninguém, mas gostava muito que refletissem sobre estes pontos. Os destinos de tantas pessoas que dependem dos que se encontram no topo da pirâmide. A empatia é muito importante nas relações sociais, o poder de sentirmos o que o outro sente, vivenciarmos os seus problemas, preocuparmo-nos com as suas necessidades faz toda a diferença. Gera união, compreensão e compaixão pelos outros.

Dalai Lama acredita fortemente que devemos fazer uma análise profunda dos problemas e deixar que as soluções surjam dessa análise.

Então, a esperança de Dalai Lama, bem como de Daniel Goleman é: que as pessoas entendam que podem fazer mudanças significativas, mesmo que sejam apenas as gerações futuras a beneficiarem delas. Isso passa por criar uma economia mais inclusiva; dar um propósito para o trabalho; não apenas fazer bem, mas fazer o bem; acabar com a injustiça e a iniquidade; com a corrupção e o conluio na sociedade, seja nos negócios, na política, ou na religião; ajudar o meio ambiente a recuperar-se; a esperança de que algum dia os conflitos serão resolvidos pelo diálogo e não com guerras.

Partilho inteiramente desta forma de pensamento, de duas pessoas maravilhosas, e que tudo fazem para levar até às pessoas um melhor entendimento e uma maior humanidade e solidariedade entre povos.

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