
O Estádios de Alma desta semana manteve-se na Liga NOS, para acompanhar a recepção, no Estádio dos Arcos, do Rio Ave FC ao CD Aves. Embora lutem por diferentes objectivos, estas equipas têm protagonizado duelos equilibrados, com o último – para a Taça de Portugal – a ditar a vitória do CD Aves no terreno do Rio Ave FC, após grandes penalidades, depois de um 3-3 no tempo regulamentar e um 4-4 no final do prolongamento!

O jogo iniciou-se com o esperado ascendente da equipa da casa, fazendo uso do habitual domínio que exerce pela posse de bola. Os forasteiros praticamente não pressionavam, excepto quando “cheiravam” o erro a que os rioavistas se expõem, sempre que (re)iniciam a construção envolvendo os defesas e o guarda-redes Cássio. Essa circulação é, hoje em dia, cada vez mais lenta e previsível, tendo sido facilmente anulada por uma equipa que, com o ex-técnico Lito Vidigal, se habituou a defender em bloco baixo.
O Desportivo das Aves fez alinhar uma dupla de laterais-direitos, com Mama Baldé à frente de Rodrigo e deixou Amilton isolado na frente, procurando explorar a profundidade quando lançado em passes longos. Vítor Gomes, um “menino da casa” dava critério quer no passe, quer na gestão do ritmo de jogo e Nildo Petrolina desequilibrava pelas acelerações na condução do esférico e procurava a meia distância.
O Rio Ave raramente criou perigo no último terço, não só na primeira parte, como durante todo o jogo, principalmente porque a sua ideia de jogo parece cada vez mais difícil de interpretar – em todas as suas dimensões – por parte destes jogadores, com Cássio e Guedes à cabeça. O ponta-de-lança, servido por Francisco Geraldes, Diego Lopes e João Novais, falhou as duas ou três ocasiões de que dispôs, algumas em frente à baliza, de forma clamorosa.

Na etapa complementar, os vila-condenses entraram mais rápidos sobre a bola, mas foram os visitados a colocar a bola na baliza, na sequência de um livre da direita, com Vítor Gomes a encostar mas o árbitro, após consulta do VAR, anulou o lance.
O Desportivo começava a acreditar na vitória e José Mota retirou o lateral adaptado a ala Baldé e faz entrar o avançado Sami, o que deu liberdade a Amilton para deambular pelos flancos.
Do lado contrário, Pelé encostou mais vezes aos centrais para permitir a subida simultânea dos laterais Lionn e Yuri Ribeiro, com este último a criar alguns desequilíbrios, inclusivamente em iniciativa individual – quase repetia um golo “à Messi” que fez há poucas jornadas. Já Geraldes aparecia, por esta altura, mais perto do ponta-de-lança. Essa alteração levou, no entanto, a que os sectores ficassem mais distantes e a equipa deixasse de circular com tanta fluidez, começando até a procurar passes longos, tão contra-natura com a sua identidade.
Como se não bastasse, os rioavistas tiveram duas contrariedades no eixo defensivo, com Marcelo a lesionar-se e Marcão, que o havia substituído, a ser expulso meia dúzia de minutos depois.

A partir daí, os avenses ainda tentaram aproveitar a vantagem numérica, colocando Arango em campo, mas foram os comandados de Miguel Cardoso a chegar-se mais à frente, com o recém-entrado Pedro Moreira a dar maior capacidade de recuperação alta e João Novais finalmente a criar algum perigo de bola parada, com centros bem medidos de livre e de canto.
O encontro terminou, tal como na primeira volta, com um nulo no marcador, mas ambos os conjuntos mantêm intactas as suas aspirações, europeias e de permanência, respectivamente.
No Rio Ave é importante encontrar soluções para dinamizar o processo ofensivo da equipa, que perdeu rasgo com a saída de Rúben Ribeiro e confiança, com as derrotas pesadas frente aos “grandes”.
O Aves impressiona pelas individualidades, mas colectivamente parece muito aquém do seu potencial e, já sem Salvador Agra, parece mais talhado para uma estrutura 4-4-2 do que para o actual 4-3-3!
Este autor não escreve segundo o novo acordo ortográfico.