Clube dos Pensadores faz 12 anos e convida Pedro Duarte

O Clube dos Pensadores faz, este mês, 12 anos e vai assinalar a data no dia 12 de março, convidando Pedro Duarte, jurista e social-democrata, para o 121º debate.

O Jornal Referência esteve à conversa com o criador do Clube, Joaquim Jorge, que revelou estar a preparar um projeto para Matosinhos. Teceu ainda comentários acerca do congresso do PSD e sobre a política, defendendo que “nenhum general ganha uma guerra sozinho”, mas “é como um jogo de xadrez: o peão pode comer o rei e dar xeque-mate”.

“Aprendi que é preciso ter cuidado a usar as palavras”

Biólogo de formação, professor e, inclusive, jogador de futebol de salão federado, Joaquim Jorge, de 60 anos e natural de São Mamede de Infesta (Matosinhos), nunca pensou em usar as palavras para além do seu sentido prático.

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Foto: Joaquim Jorge | Clube dos Pensadores

No entanto, a partir dos 45 anos, começou a ter bastantes lesões e isso fez, segundo revela, com que canalizasse a sua “energia para os debates e para a escrita, algo que nunca” tinha pensado fazer. “As palavras, para mim, eram uma coisa prática e aprendi que é preciso ter cuidado a usá-las e que têm uma força enorme”, constatou.

O desejo de intervir na sociedade também começou a manifestar-se e a forma que encontrou para o fazer, visto que não é “um produto da «jotinha»”, foi através de um blog que criou em 2006, chamado Clube dos Pensadores.

Além do blog, o Clube dos Pensadores (CdP) consiste num ciclo de tertúlias que traz várias personalidades influentes no mundo da política – e não só – para um debate ativo, onde as pessoas podem ser “elas próprias sem medo e sem terem que falar com alguém, com o «chefezinho» do partido”.


“As palavras, para mim, eram uma coisa prática e aprendi que é preciso ter cuidado a usá-las e que têm uma força enorme.”


“O meu objetivo é que as pessoas deem valor à conversação e ao debate de ideias, pode nunca sair dali nada de especial, mas sai sempre qualquer coisa, pelo menos, ficarmos a pensar e, às vezes, termos uma ideia de solução”, explicou ao Jornal Referência.

Joaquim Jorge pretende, com os debates, pensar a democracia e aproximar os cidadãos dos políticos, fazendo “as coisas com as pessoas e nunca para as pessoas”. “Ao fim destes 40 e tal anos, ainda não nos habituamos ao contraditório e a estar à beira de uma pessoa que não está de acordo connosco”, sublinhou.

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Foto: Joaquim Jorge e Marcelo Rebelo de Sousa | Clube dos Pensadores

Pelo local dos debates, no hotel “Holiday Inn”, em Gaia, já passaram várias personalidades como Marcelo Rebelo de Sousa, Luís Montenegro, Nuno Melo, Alberto João Jardim, Pedro Santana Lopes, António Costa, Rui Rio, Assunção Cristas, Catarina Martins, Jerónimo Sousa, Tiago Monteiro, Júlio Machado Vaz e muitos outros. A amizade é um fator comum no processo de escolha dos convidados e há até quem acredite que Joaquim Jorge consegue adivinhar o futuro, segundo o próprio conta: “tu, às vezes, ajudas muito os políticos, aquilo funciona como um trampolim”.

Este mês de março, o CdP faz 12 anos e terá, a 12 de março, pelas 21h30 , no Hotel Holiday Inn em Gaia, o 121º debate com Pedro Duarte.

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Foto: Pedro Duarte | Clube dos Pensadores

O 121º convidado é jurista, foi líder da JSD, deputado, secretário de Estado da Juventude e diretor da campanha de Marcelo Rebelo de Sousa nas presidenciais.

Nesta edição, o Clube dos Pensadores levará à discussão o Congresso do PSD, o papel de Pedro Duarte na nova liderança, o novo líder do partido, Rui Rio, Luís Montenegro, Miguel Relvas, entre outros temas.

Por agora, Joaquim Jorge conta ao Jornal Referência que vai continuar com o Clube “enquanto houver mercado”.

Para o fundador do Clube dos Pensadores, “o momento mais marcante” e “único” foi a apresentação do seu livro “Pedagogia Cívica” com a ministra da Justiça da altura, Paula Teixeira da Cruz, em 2015. A obra tem o prefácio de Marcelo Rebelo de Sousa e posfácio de Rui Moreira e Joaquim Jorge “não estava a contar que tivesse tanta gente” a assistir – cerca de 200 pessoas.

Fotografias do debate com Pedro Duarte a 12 de março de 2018:

“Rui Rio, ao fazer o que fez, acho que é uma afronta a ela, à justiça e até aos portugueses”

Pensar a democracia é também falar de justiça e, por isso, Joaquim Jorge trouxe à conversa a ex-ministra, Paula Teixeira da Cruz.

Além de amiga, o fundador do CdP considera que foi “a ministra da Justiça que mais lutou contra o paradigma que não pode haver uma justiça para ricos e para pobres” e que ela “tem perfil para ser primeira-ministra de Portugal”. Mas, “em política, não há memória”, concluiu.

A escolha de Elina Fraga para vice de Rui Rio marcou o Congresso do PSD, dividiu o partido e fez correr tinta.


“Rui Rio, ao fazer o que fez, acho que é uma afronta a ela, à justiça e até aos portugueses.”


Joaquim Jorge considera que o novo líder do PSD começou bem o Congresso, mas acabou mal. Isto porque, “ao conseguir um acordo com Pedro Santana Lopes, deixou a sua retaguarda desprotegida e muitos apoiantes que lhe deram a vitória”, escreveu, em comunicado.

Por outro lado, considera a nomeação de Elina Fraga, um “erro de casting”. “Rui Rio, ao fazer o que fez, acho que é uma afronta a ela, à justiça e até aos portugueses”, contou ao Jornal Referência.

“Se um dia for candidato a qualquer coisa, com quem eu tenho que falar é com as pessoas que estão comigo, com os cidadãos”

Joaquim Jorge vive atualmente em Gaia, mas é natural de Matosinhos. Nas últimas eleições autárquicas, o seu nome veio à deriva como possível candidato ao seu concelho de origem. Mas o final não resultou numa candidatura, mas sim, num livro “Candidato que Não Chegou a Sê-lo”, apresentado em junho do ano passado.


“A política carece muito de transparência.”


A obra é focada no processo conturbado de escolha pela concelhia do PSD/Matosinhos como candidato à autarquia, acabando, no final, por ser afastado da corrida eleitoral; o que aconteceu depois de ter sido chumbado em plenário de militantes, que exigiram que o candidato fosse militante do PSD. “As pessoas é que me convidaram e desafiaram. Eu disse logo que não era fácil, sou independente, tenho a minha opinião e não estou habituado a jogos de partidos”, referiu.

No entanto, Joaquim Jorge já tem em mente novos passos. Está a preparar um projeto para Matosinhos, “que está ainda em embrião”, mas que virá a público “a meio deste ano”. “Estou a tentar falar com pessoas que me podem ajudar a envolver porque uma candidatura a uma câmara, independente, tem muito que se lhe diga, não é uma coisa muito fácil e nunca pode ser feita em cima do joelho”, frisou.

No entanto, realça que não vai avançar com esta ideia porque está “zangado com um partido”, mas sim, que parte da sua cabeça e depende de si e “de toda a gente que se queira envolver”.


“A política é como um jogo de xadrez: o peão pode comer o rei e dar xeque-mate.”


Joaquim Jorge acredita que “a política carece muito de transparência” e, por isso, “se um dia for candidato a qualquer coisa, com quem eu tenho que falar é com as pessoas que estão comigo, com os cidadãos”, dando-lhes conhecimento de tudo o que fizer. “Nenhum general ganha uma guerra sozinho”, mas “a política é como um jogo de xadrez: o peão pode comer o rei e dar xeque-mate” e, por isso, é preciso “muito respeito por todas as peças”, explicou.

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