Continuo sem entender o porquê de tanta maldade neste mundo.
Porque nos matamos uns aos outros? Porque não aceitamos as nossas diferenças? Às vezes, penso que estou numa selva, em que a lei do mais forte prevalece sobre os mais vulneráveis e que, ao invés de termos atitudes racionais e coerentes, agimos como se não tivéssemos sentimentos e sensibilidade humana.
As barbaridades que se cometeram no passado contra tantas pessoas, incluindo crianças, não surtiram efeito nenhum, não evoluímos, não nos envergonhamos dos nossos atos mesquinhos e soberbos, pois continuamos a assistir a tanta irracionalidade, a tanta selvajaria. Eu pergunto: Que lucros colhemos com a morte uns dos outros?
Nos dias que correm mata-se: porque aquela pessoa não tem a nossa cor, ou porque não tem os mesmos credos, as mesmas ideologias, porque nos deixou de amar, porque nos ultrapassou na estrada… por tudo e por nada.
Quando é que vão parar estes atos de tirania? Quando vamos ser mais solidários, mais fraternos? Quando vamos acreditar que fazemos parte de um todo e que esta Grande Casa, que é o planeta Terra, é de todos e não apenas de alguns?
Com que direito invadimos a casa de alguém, com o objetivo de a matar, apenas porque as suas origens são diferentes das nossas e isto independentemente da idade dessa pessoa?
A Casa Grande foi pensada e construída para vivermos em harmonia uns com os outros, para nos aceitarmos, para nos amarmos e multiplicarmo-nos e sermos felizes.
As diferenças são enriquecedoras porque nos ajudam a crescer e adicionam à nossa existência sabedoria e, bem lá no fundo de cada um de nós, são mais as coisas que nos unem do que as que nos separam. Somos todos iguais. Pertencemos à mesma espécie, logo, devemos respeitarmo-nos.
O ódio arrasta consigo uma torrente de maldades, é como um vulcão a expelir violência, infortúnio, e destrói tudo à sua passagem. O que resta são escombros, as lágrimas de desespero, de fome, de abandono de desolação e infelicidade.
Compensa semear o mal? Não, de todo! Se pensarmos no tempo que vai demorar a reconstrução de tudo o que a maldade destruiu, os gastos inerentes para levantar tudo de novo e as vidas que foram ceifadas e subtraídas a outras vidas é simplesmente imperdoável e vergonhoso.
No momento em que celebramos a Páscoa, deveríamos lembrar o que essa palavra de origem hebraica significa: “Passagem”. É exatamente uma passagem a nossa existência e se não for benigna, não esperemos colher bons frutos.
Eu não acredito que a consciência das pessoas que praticam o mal não pese, que todo o seu ser não se arraste com dificuldade por esta breve passagem pela Terra.
A Páscoa também significa uma nova oportunidade para termos um melhor relacionamento entre todos. Vida, fertilidade e esperança são os símbolos da Páscoa, deveríamos ter isso bem presente todos os dias das nossas vidas.
Na minha opinião, as atitudes de respeito, bondade e fraternidade devem partir de cada um de nós. Deixemos de nos julgar, de maldizer, de criticar, de culpar. Abramos os nossos braços e dêmos abraços cheios de afetos.