OPINIÃO: O último dia

Alguma vez se perguntaram o que gostariam de fazer se este fosse o último dia das vossas vidas?

Muitos dirão que nunca pensaram nisso, outros que gostariam de viajar, de comprar inúmeras coisas, outros de ganharem muito dinheiro e ainda escutaríamos muitos a dizer que gostariam de mandar no mundo.

Poucos falariam em felicidade, cultivar sorrisos, solidariedade, amizade, amor, acrescentar conhecimentos aos já adquiridos, saborear e viver cada momento, como se o amanhã não existisse, olhar o mundo à sua volta com um olhar diferente.

Os que já experimentaram momentos difíceis, como a falta de saúde, que é a nossa maior fortuna, sabem com toda a certeza do que estou a falar.

Quando somos confrontados com grandes desafios, como a perda de saúde, que, para mim, é o mais importante, ou com a perda de alguém que nos era próximo e querido, somos como que sacudidos e postos à prova, pela vida e pelo universo, e despertamos para a dura realidade: somos tão frágeis, efémeros e tudo é volátil.

Valerá a pena semear o medo, a discórdia, a ganância, a beligerância e tantos outros sentimentos e atitudes negativas? Não, de forma alguma.

Devemos praticar o bem sempre e sem olhar a quem e sem disso fazermos alarido. Contudo, devemos lembrarmo-nos de começar pela pessoa mais importante das nossas vidas, que é cada um de nós.

Um dia, a vida sacudiu-me de uma dormência em que me encontrava há demasiado tempo. Esta dormência era relativa à minha pessoa, que se encontrava bem lá no fim da fila. Sempre fui uma mulher independente e, de repente, deixei-me levar, ainda que por amor, para uma situação de viver em função e para satisfação e felicidade dos outros.

Por muito que a vida me batesse, eu continuava a acreditar que eu não estava errada, que praticava o bem, porque contribuía para o bem-estar dos outros. Contudo, o que o universo me dizia era que eu negligenciava continuamente a pessoa mais importante desta vida: «Eu».

Então, com a sua magistral sapiência, o universo, fez-me cair abruptamente, para que, dessa forma, eu despertasse para a dura realidade que me rodeava: «a solidão».

Não é fácil recuperar de uma queda sem rede. Foi uma grande lição que a vida me deu. Tive de aceitar e prometer que tudo faria para merecer uma segunda oportunidade.

Abri, por fim, os olhos e o que vi encheu-os de lágrimas de tristeza. Como sempre, semeei o bem, a vida compensou-me e continua a fazê-lo, rodeando-me de pessoas bondosas que me ajudaram a recuperar da rude queda. Tive que ir buscar forças onde elas não existiam e cultivar a chama da felicidade, que existe dentro de cada um de nós e que, no meu caso, estava moribunda.

Consegui, por fim, ver os estragos que tinha feito a mim mesma e que o mais importante para mim é cuidar bem do meu «Eu», tanto física como psicologicamente.

Não permito que os obstáculos me impeçam de seguir em frente e de acreditar que consigo tudo aquilo que quero.

O meu sorriso acompanha-me sempre e transmite aos outros a muita felicidade que reside dentro de mim e que eu faço questão de espalhar por todas as pessoas.

Acredito que, nesta vida, nada acontece por acaso, porque tudo tem uma finalidade.

Acredito que se fizer o bem, receberei a dobrar e disso tenho provas mais que suficientes.

Acredito que há um tempo certo para as situações acontecerem e que não conseguimos alterar essa realidade.

Acredito que o amor e a amizade fazem milagres e, por isso, devem ser semeados e tratados com desvelo.

Acredito que para fazermos a felicidade dos outros, teremos de a manter viva dentro de nós.

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