OPINIÃO: Ser criança

Todos nos lembramos da nossa infância, dos momentos felizes, das brincadeiras e diabruras, tanto em casa, junto de nossos irmãos, como no recreio da escola com os colegas.

Muitos lembrar-se-ão de situações menos felizes quando ficavam doentes e impedidos de saltar, de rir, de correr… de súbito, não sentiam energia, o corpo doía, um mal-estar tomava conta da vontade de rir e de brincar e, durante algum tempo, a criança feliz ficava presa à cama, por alguns dias.

Muitas crianças de tenra idade sofrem com doenças graves e veem, assim, a sua infância, ensombrada e interrompida por tratamentos invasivos que provocam efeitos desagradáveis que nenhuma criança merece sofrer.

Como eu desejava que nenhuma criança neste mundo sofresse com as guerras e com a falta de saúde! Não é justo que inocentes sejam brindados com doenças malignas e muito menos que a sociedade não lhes proporcione as condições necessárias e dignas, através de instalações agradáveis e adequadas, que façam esquecer, ainda que por momentos, o porquê da permanência das crianças nas unidades de internamento ou ambulatório.

Quem gosta de ver os filhos doentes? Ninguém. Os pais sofrem e mitigam a sua dor, através de sorrisos e palavras de encorajamento para com os seus meninos, para que tudo corra bem e, desta forma, energizem as suas crianças com forças positivas, para que os seus jovens corpos consigam se regenerar.

É urgente para as crianças e seus pais que as condições das instalações hospitalares sejam as mais adequadas e que propiciem um ambiente mais agradável, acolhedor e confortável, onde a alegria e a boa disposição imperem para que, tanto os filhos, como eles próprios, se sintam menos mal e encontrem forças para enfrentarem a dor e vencerem a dura batalha contra a doença.

É indesculpável que o governo do país não garanta as condições ideais de instalações de internamento e tratamento em ambulatório às crianças que sofrem com a doença oncológica em hospitais, como o de São João, que as acolhe em instalações provisórias, há dez anos, esperando, pacientemente, pelo desbloqueio das verbas necessárias à realização do projeto global do centro hospitalar pediátrico.

Foi assinado um protocolo entre o Centro Hospitalar de São João, a Administração Central do Sistema de Saúde e a ARS/Norte, em junho de 2017, para que fossem viabilizadas as verbas tão necessárias que irão dar às crianças melhores condições para enfrentarem e ultrapassarem momentos dolorosos.

Contudo, está tudo à espera do Ministério das Finanças e das suas resoluções, para garantir às crianças com falta de saúde os direitos que a Constituição lhes garante.

Na minha opinião, há solução para tudo, menos para a morte. Se não há dinheiro, sugiro que cortem aos salários de todos os ministros e deputados deste governo e a verba será de pronto desbloqueada. Façam uns meses de voluntariado como ministros, deputados e secretários e estas crianças, bem como os seus pais verão os seus direitos assegurados.

Fazer serviço voluntário faz muito bem ao espírito de quem o pratica e de quem o recebe. Nada dá maior alegria e satisfação quando vemos concretizados projetos que resultaram da boa vontade de muita gente que presta serviço voluntário.

Sugiro vivamente que a classe política o pratique durante o tempo suficiente para garantir condições dignas de tratamento e internamento a todas as crianças que se encontram, infelizmente, doentes neste país.

Sejam felizes, mas façam os outros felizes também.

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