Comunicar de forma clara e concisa é necessário para que haja um melhor entendimento entre todos nós.
Quantas vezes, por falta de uma mensagem clara e sem ruídos, por excesso ou ausência de palavras esclarecedoras, nos atropelamos e partimos de imediato para julgamentos precipitados e malfeitos, ou pior, para uma discussão sem sentido.
O ideal será escolhermos as palavras certas e o momento certo para que a mensagem seja bem estruturada pelo emissor e o recetor receba-a e entenda-a perfeitamente.
O que se observa hoje em dia é exatamente a falta de uma boa comunicação entre as pessoas. Não há tempo para dialogar, só há tempo para olhar para os ecrãs dos telemóveis e clicar com as pontas dos dedos, ou seja, os dedos é que falam.
Entretanto, com este novo processo de comunicação, muitas letras deixaram de fazer sentido e como a pressa de enviar a mensagens é grande, só mesmo os que praticam o mesmo tipo de comunicação é que poderão entender aqueles símbolos.
O que isto trouxe para a vida das pessoas? Empobrecimento social.
Há uns anos atrás, entravamos num meio de transporte coletivo e, se fosse sempre à mesma hora, daí a nada, as pessoas cumprimentavam-se e falavam umas com as outras. Este comportamento verificava-se em qualquer local público.
Hoje, as pessoas deixaram de falar e de se relacionar pessoalmente. O mais impressionante, para mim, é vê-las obcecadas, com o telemóvel na mão e sempre a olharem para o ecrã e fazem-no mesmo quando estão a caminhar na via pública, a alimentarem-se, enquanto aguardam por algo ou alguém.
Cegaram para a vida. Não observam nada do que se passa ao seu redor e muitas magoam-se porque se esbarram contra qualquer obstáculo, porque o seu mundo e a sua vida, passa-se dentro daquele retângulo.
Tudo o resto só existe quando alguém os chama à atenção para qualquer situação, mas só desligam por momentos.
Como poupam nas letras, muitos já não sabem comunicar de forma clara, mas exigem ser entendidos pelos que ainda preservam o bom hábito de comunicar em proximidade.
O que daqui resulta: falta de entendimento, isolamento, possíveis amizades perniciosas, e muito mais e as consequências sobre a saúde emocional de todos são muitas.
As tecnologias invadiram o espaço familiar. Se pudéssemos entrar no espaço físico de cada família, ficaríamos surpreendidos pela falta de interação entre todos. Cada um tem seu telemóvel e o mundo real deixou de ter importância e o digital aprisionou-os a todos.
Estamos a permitir, porque não impomos limites às nossas crianças e a nós mesmos, a construção de uma sociedade egocêntrica e individualista, com pessoas sempre insatisfeitas e stressadas, em que valores como “ser” deixam de ter importância.
As pessoas medem-se pelo que “têm” e isso gera conflitos interiores e ambições desmedidas.
Os usos ilimitados das novas tecnologias são responsáveis pela mudança comportamental e a morte da comunicação interpessoal.
Somos humanos e a vida só tem sentido se houver interação e uma boa comunicação. Se nos deixarmos isolar na ilha digital, passaremos a ser escravos digitais.
É urgente fazermos a mudança e preservarmos hábitos antigos e saudáveis como: o diálogo, as atividades lúdicas feitas em família e com os amigos, o sentirmos empatia uns pelos outros e expressarmos emoções sem constrangimento.
Só Deus sabe que tipo de sociedade estaremos a permitir que surja num futuro que queremos que seja o melhor e mais saudável para todos e para as nossas crianças.