OPINIÃO: A era do descartável

Estamos em plena era do descartável, não me refiro a objetos, mas às pessoas.

Infelizmente, tenho observado que as pessoas dos dias de hoje não valorizam sentimentos nobres como o Amor. Neste momento, usam-se uns aos outros como se de objetos se tratasse.

São muito poucos os que apreciam o amor, na verdadeira aceção da palavra. A maioria ri desse sentimento, talvez porque tenham tido más experiências nas suas vidas.

Então, a solução é fugirem a compromissos, sem, contudo, prescindirem do sexo, que muitos designam de fazer amor, quando o fazem por pura necessidade fisiológica, para logo, esquecerem o rosto ou o corpo que lhes deu prazer num momento que se quer vivido livremente.

Depois de satisfeita a libido, as pessoas descartam-se de pronto como se de robôs se tratassem.

É assim que está a sociedade dos nossos dias e eu pergunto: que exemplo estamos a dar aos nossos descendentes com este tipo de comportamento?

Por outro lado, como é possível haver tanta falta de amor próprio e consentirem-se serem objetos descartáveis? Usados e deitados fora.

Não acredito que não fiquem marcas, pelo menos, por aqueles que são apanhados de surpresa.

Vive-se de mentira, de aparência e de filosofias baratas que só têm lógica na mente perversa, ou talvez, quem sabe, sofrida de certas pessoas.

Estas pessoas têm medo de sentirem Amor de verdade, por alguém, porque isso implica “Ter” que repartirem as suas vidas com o outro e elas só pretendem “Ser”, como são: com seus feitios, suas atitudes e egocentrismos e muita solidão.

Amor tem várias definições para este grupo de pessoas, que vivem de momentos de prazer e não gostam do Amor que apelidam de tradicional, porque lhes condiciona a vida.

Possivelmente, ser-lhes-á mais fácil tocar os corpos pelos quais sentem atração física, do que tocar o coração e, por ventura, a alma de alguém.

Não gostam da palavra convencional, Amor, mas aplicam-na sem cerimónias, nos seus atos de satisfação carnal e momentâneos.

Como se sentirão as pessoas da “era do descartável”? Satisfeitas? Livres? A solidão deve pesar, a tristeza deve ser o ar que respiram em longos momentos, porque os outros instantes, em que se entregam à volúpia para satisfação das suas necessidades, acabam com um estalar de dedos. Provavelmente, amanhã já não identificam a pessoa com a qual tiveram um ato livre de compromisso e que durou um “instante”.

Como eram felizes as pessoas que de verdade amavam, veneravam e faziam de facto amor, mesmo com todas as dificuldades do quotidiano.

Hoje, se prestarmos atenção, ouviremos que fulano ou beltrana é um “petisco”, é um “pão”, e parte-se para a sedução com um único fim: “acasalar” – e uso este termo para não ser grosseira, porque eles e elas adoram pronunciar a palavra rude, talvez porque possa ser meio caminho andado para a indução dos seus apetites sexuais.

Estou convencida que este tipo de comportamento tem acentuado a infelicidade que se vive nos dias de hoje. Muitos dirão que não sei do que falo, mas sei e muito bem.

Não compactuo com este tipo de atitude, porque, para mim, Amor é muito mais que sentir atração. É respeitar, é querer bem, é querer ser, estar e ter, a outra pessoa do nosso lado, nos momentos bons e menos bons.

Fazer amor de verdade, com a mesma pessoa, porque existe um sentimento nobre que nos une; saber que acordarei com alguém especial ao meu lado, que sempre que sentir necessidade de um abraço eu o terei e dado com muito afeto e ternura, que sempre que me sentir triste afogarei a tristeza num beijo dado com doçura, por uns lábios que eu conheço mesmo de olhos fechados.

Sexo casual deixa sempre um sabor a desconhecido. O resto é solidão, vazio… se se pretender repetir com a mesma pessoa, esta poderá já não querer e o que sobra é um amargo a mais na vida de quem se deixou usar.

Desejo que este artigo sirva de reflexão para muitos que fazem parte da “era do descartável”. Sejam ambiciosos nas vossas “querências” e preservem a vossa identidade. Sejam felizes para fazerem os que vos rodeiam felizes.

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