Ronaldo Sousa, investigador da CMBA (Centro de Biologia Molecular e Ambiental) e professor do Departamento de Biologia da Escola de Ciências da Universidade do Minho, realizou um estudo sobre a espécie Mexilhão de água doce que quase desapareceu em zonas de pequenas barragens e, a jusante das mesmas, quase não se reproduz. Este estudo tem a particularidade de contar com entrevistas feitas a idosos nas aldeias junto aos Rios Cávado e Neiva, onde se centrou este projeto.
O objetivo principal deste estudo “seria de ver a distribuição atual e passada de uma espécie que é realmente muito rara em dois rios de Portugal” e, para isso, utilizou o saber do povo da região das margens dos cursos de água para tentar perceber o “porquê da diminuição da espécie nos últimos anos e tentar, também, perceber qual era a sua distribuição antiga, há, 30, 40, 50 anos”, conta Ronaldo Sousa ao Jornal Referência.
O trabalho baseou-se em 200 entrevistas feitas em 2019 às pessoas mais idosas nas margens dos Rio Cávado (concelho de Montalegre) e Neiva (concelho de Esposende e Barcelos). Assim, as pessoas mais velhas foram uma fonte importante para todo o processo de investigação e o seu saber deve chegar às gerações mais novas para que haja uma maior consciência e defesa da biodiversidade.
É de realçar que quase 50% dos inquiridos lembraram-se da existências dos mexilhões de água doce no Rio Cávado até final dos anos 90, contudo, no Rio Neiva, a espécie ainda está presente, mas apenas 4% dos entrevistados se recordam da sua existência no passado.
Recentemente, o estudo realizado por Ronaldo e que contou ainda com a colaboração de investigadores da Universidade do Porto e do Instituto Politécnico de Bragança (Joana Garrido Nogueira, Fernando Miranda e Amílcar Teixeira), foi publicado numa revista internacional, “Science of the Total Environment”. Para o autor este é um grande feito e é motivo de “grande orgulho” porque todo o estudo foi baseado na opinião das pessoas e no utilizar da sabedoria antiga.