OPINIÃO: Veredas rápidas

Márcio Luís Lima, 22 anos, Estudante de mestrado em Filosofia na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra

Crónicas Avulso

Ao contrário da semana anterior descrita na minha última crónica como um tempo espesso que requer o seu tempo para escorrer na íntegra, esta última semana findou como água entre dedos. Apesar de um turbilhão de acontecimentos, desde estar mais de cinco horas a tentar remendar um cabo da internet que ficou preso dentro da parede, até aprender os “novos comandos” do FIFA 21 (que desde o último que joguei, o FIFA 16 mudou imenso) e entretanto começar e acabar o “Detroit: Become Human” – a semana correu demasiado rápido para o meu alcance de compreensão.

Contudo, não quero novamente descrever uma típica semana de confinamento porque praticamente todos estamos no mesmo patamar de restrições (ainda que alguns não o saibam). Vou antes passar o dedo, muito superficialmente, e novamente, pelas redes socais: desta vez pelo TikTok. Nunca imaginei que haveria a possibilidade para uma nova rede social se instalar no quotidiano geral, e tão rapidamente.

Mas, como todas as redes socais, tem as suas vantagens e desvantagens. Se por um lado Hollywood colocava falsas esperanças amorosas na cabeça das pessoas, o instagram veio revelar que “qualquer um” poderia viver de acordo com esses patamares paisagísticos, coisas belas, luxo, ser famosos, ainda que por cinco minutos, viagens de sonho com “a tal pessoa” ao nosso lado, uma cascata de amor… no tiktok, talvez numa tentativa de mostrar algo “mais real”, as coisas pendem para o outro lado e carregam demais no lado negativo, por vezes fingindo ataques de ciúmes com violência (verbal ou física), pranks que toda a gente tentou imitar, e até relações a crescer do dia para a noite, expondo todos os passos, desde ter filhos, comprar uma casa, inclusive mesmo os pequenos detalhes… sobrou tão pouco de mistério (de privacidade) que me leva a questionar: “onde está, de facto, o amor?”

Cada um sente e demonstra da maneira que quiser, longe de mim achar que há qualquer “livro de regras” a seguir, tanto no amor, como em praticamente tudo… mas parece-me que a falsa ilusão de fama, de crescimento exponencial guia por um caminho mais simples e com menos conteúdo, como se tudo fosse uma enorme brincadeira, uma vida virtual mais complexa ditando os passos, o modo de comportar e até certo ponto, uma ausência de personalidade.

A partir destes pequenos traços superficiais é possível imaginar as possibilidades negativas que possam surgir dos mesmos. Mas, claro está, como tudo na vida requer-se moderação, e, atenção, fiz pela primeira vez na vida uma carbonara e saiu ótima graças a um tiktok. Nem tudo o que é rápido e fácil é necessariamente negativo, talvez se precise apenas de um pouco de seleção e espirítico crítico.

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