Porto: Jovem entra na Forbes “30 Under 30” com empresa que ajuda quem tem limitações físicas

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Esta quinta-feira, dia 25 de novembro, assinala-se o Dia Nacional do Empresário e o Jornal Referência trouxe entrevistas feitas a dois jovens empresários aquando da nomeação para a lista de 2021 da Forbes “30 Under 30”.

“Foi uma surpresa enorme”, comentou Frederico Carpinteiro ao Jornal Referência, em abril, na altura em que foi tornada pública a lista desta revista norte-americana que destaca os maiores e mais promissores jovens talentos a nível mundial.

O jovem, que é de Aveiro, mas vive no Porto “há bastante tempo”, foi distinguido na área de Ciência e Saúde e é cofundador da Adapttech, uma empresa de biomédica “que se foca no desenvolvimento de tecnologias de adaptação para pessoas com limitações físicas, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dessas pessoas”. “Achámos que havia muito foco em arranjar soluções definitivas para problemas, mas não havia foco suficiente em tentar encontrar coisas simples que possam ter impacto imediato e ajudar as pessoas a viver com essas condições enquanto não exista uma solução definitiva”, explicou.

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“Começou tudo quando ainda estava a fazer o meu curso e senti que não estava a ter oportunidade de pôr em prática todos os conhecimentos que estava a adquirir”, disse, referindo que a sua área de formação-base foi Bioengenharia, na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.

Neste sentido, acabou por se juntar a um grupo de investigação de estudantes de doutoramento e indicou que gostaria de trabalhar com algo relacionado com próteses. Foi então que surgiu o desafio de “desenvolver um scanner para o interior de um encaixe” e Frederico Carpinteiro precisou de criar um protótipo.

“Como o grupo não era financiado, comecei a ir a concursos de empreendedorismo e, nesses concursos, o feedback foi muito bom. Comecei a perceber que, se calhar, havia ali algo mais do que apenas um projeto, do que apenas algo em que estava a tentar crescer a nível de conhecimento. As coisas começaram a evoluir e, quando terminei o curso, acabei por me dedicar a tempo inteiro ao projeto”, continuou, acrescentando que se juntou também a programas de aceleração, em 2015, ano em que foi fundada a empresa. No ano seguinte, conseguiram o primeiro financiamento.

Atualmente, a empresa conta com uma sede no Reino Unido e os escritórios de desenvolvimento são no Porto, onde têm a maior parte da equipa. Fecharam, entretanto, uma ronda de investimento que tem como objetivo “a entrada do produto no mercado”, que já foi feita, sendo a principal missão “conseguir demonstrar tração do produto, conseguir colocá-lo nas mãos dos primeiros clientes e mostrar o seu valor”. “Depois, com isso, juntamente com novos desenvolvimentos que estamos a fazer de outros produtos na mesma área, levantar uma nova ronda de investimentos e conseguir, então, escalar as operações da empresa e aumentar significativamente tanto as vendas como a nossa capacidade de entregar novos produtos para conseguirmos chegar ao maior número de pessoas possível”, concluiu.

O primeiro produto da Adapttech é “uma ferramenta para ser usada por ortoprotésicos quando estão a produzir e a ajustar uma prótese a um amputado”, que é vendida às clínicas de próteses e que está disponível nos EUA e na Europa.

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“É um reconhecimento por parte da Forbes que vem reconhecer um bocado os jovens mais empreendedores, mas, especificamente na área da Saúde, acho que acaba por juntar um bocadinho as duas áreas em que trabalho [Bioengenharia e Gestão] e é bom ver esse reconhecimento. E sem dúvida que é um crescimento pessoal que vai em linha com aquilo que gosto de fazer e com aquilo em que estou a crescer e a trabalhar todos os dias”, sublinhou, esperando que “abra portas” e que, “mais do que um reconhecimento pessoal, também é um reconhecimento de todo o trabalho desenvolvido na Adapttech”. “Acho que vai ajudar a aumentar a credibilidade da empresa tanto junto de clientes como junto de investidores. Já gerou algum interesse, portanto, acho que será sempre positivo”, rematou.

Sobre o percurso de um jovem empreendedor, destaca que não é fácil, “mas o mais importante é as pessoas acreditarem naquilo que estão a fazer e gostarem daquilo que estão a fazer e, tendo essa parte, tudo o resto se torna possível”.

“Existem muitas maneiras diferentes de chegar ao mesmo sítio e cada pessoa vai ter de encontrar o seu próprio percurso e aquilo que luta, quer seja para o mercado específico em que trabalha, para o tipo de empresa em que trabalha, para a equipa que tem. Cada pessoa tem de se adaptar, tem de saber ouvir o feedback de outras pessoas e, obviamente, procurar ajuda de outras pessoas que já tenham a experiência, o conhecimento, mas tem de ser sempre pesado e pensado pela própria pessoa, porque só ela é que vai conhecer as condições específicas da situação em que se encontra”, aconselhou.

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