A segunda edição do evento “Cinema nos Moinhos” realizou-se no passado sábado, dia 23 de julho. Como o próprio nome indica, o evento realizou-se nos trilhos dos Moinhos de Jancido, que se situam no concelho de Gondomar. Através de uma exposição cinematográfica de dois documentários – um sobre os Moinhos de Jancido e outro sobre as ilhas dos Açores – o evento procurou sensibilizar as pessoas para a causa ambiental.
Os dois documentários eram da autoria do premiado produtor Paulo Ferreira e a lotação era limitada devido ao espaço escolhido, o cenário florestal envolvente dos moinhos. O fotógrafo, produtor e realizador foi já diversas vezes premiado em Portugal e além fronteiras e foi através do contexto pandémico, que Paulo Ferreira decidiu dedicar-se a um trabalho no concelho onde reside, Gondomar. Em parceria com os chamados “rapazes de Jancido” (um grupo de pessoas que se juntou há uns anos atrás para recuperar o espaço), o trabalho foi-se desenvolvendo.

O documentário intitulado “No silêncio dos Moinhos” demonstra a fauna e flora do local e conta com a locução de Eduardo Rêgo, fator que Paulo descreve como “uma mais-valia, sendo que a voz do Eduardo é uma voz familiar na casa de todos os portugueses”, acrescentando que “nunca imaginou ter a oportunidade de trabalhar com um locutor tão prestigiado”.
O trabalho que o produtor e realizador tem desenvolvido ao longo dos anos tem como objetivo apelar a questões e problemáticas ambientais, visto que, “muitas vezes, quem mora no meio urbano não tem tanta sensibilidade e cuidado com a Natureza”. Ao Jornal Referência, Paulo Ferreira admite que a realização do documentário sobre os moinhos de Jancido é particularmente importante por ter sido realizado na sua terra, revelando que “através da fotografia percebeu que havia pelo espaço bastante fauna e flora”. Contudo, dá ênfase à sua ligação com os “rapazes de Jancido”, descrevendo o seu trabalho como “bom e genuíno”.

Manuel de Sousa, que pertence ao grupo “rapazes de Jancido”, descreve os Moinhos de Jancido como uma zona bastante rica e diversificada, onde, com o auxílio de um biólogo, “já foram identificadas cerca de 83 espécies de aves, incluindo aves que se encontram, neste momento, em vias de extinção”. Manuel de Sousa refere ainda que existem mais de 1.600 árvores e que a preservação daquele espaço é importante para o equilíbrio da biodiversidade. Conclui apelando à população para que seja mais participativa na preservação de espaços verdes porque: “a Natureza é o nosso bem mais precioso”.

O produtor Paulo Ferreira, que todos os anos procura desenvolver um trabalho em países diferentes, revela ao Jornal Referência que a sua próxima viagem será de volta aos Açores, depois de ter realizado o documentário sobre a ilha intitulado “Açores – Um novo desígnio”, documentário também projetado no evento. Contudo, uma viagem que adiou devido à pandemia, ao Canadá, continua na sua mente e será, certamente, um dos próximos destinos.

O evento encontrou-se lotado e Jorge Oliveira, residente em Rio Tinto, descreve a iniciativa “como uma experiência muito interessante” e Joana Oliveira, outra participante, refere que “aprendeu bastante” e surpreendeu-se “por perceber a quantidade diversificada de animais que vive na zona”.

O evento foi ainda dinamizado nas suas pausas pelos músicos e compositores André Barros e Francisco Sales.
No próximo domingo, dia 31 de julho, o documentário “Silêncio nos Moinhos” irá ser transmitido na SIC.
