Ao fim de duas jornadas da fase de grupos do Mundial 2022, a Selecção Nacional alcançou outras tantas vitórias, garantindo desde já o apuramento para os oitavos-de-final!
Apesar do resultado, os comandados de Fernando Santos revelaram, em ambas as partidas, alguma inconsistência na circulação e permeabilidade na transição defensiva, levando a que sofressem dois golos frente ao Gana e perigassem a vitória frente aos uruguaios, antes e depois de se ter adiantado no marcador.
Os laterais titulares frente aos ganeses evidenciaram fragilidades defensivas, algo que surpreende um pouco no caso de João Cancelo, quiçá desgastado pelo intenso tempo de jogo que já leva nesta primeira fase da época. Por isso, deveria ser um dos jogadores poupados da titularidade no último jogo da fase de grupos.
Frente ao Uruguai, perante uma selecção habitualmente fortíssima nestes duelos, Fernando Santos optou por juntar William Carvalho a Rúben Neves no zona mais recuada do meio campo, mas foi a entrada de Pepe para o lugar do lesionado Danilo Pereira que se revelou decisiva para que a Selecção Nacional não tivesse sofrido golos.
Mais do que destacar-se individualmente, o luso-brasileiro mostrou-se influente na liderança e organização que aportou à defesa.
Após o episódio dramático (no “cair do pano” frente ao Gana) protagonizado por Diogo Costa, mas com responsabilidade que deve ser partilhada com toda a equipa, a reedição da dupla com o guardião, pela ligação e dinâmica que trazem da coexistência no FC Porto, terá sido, inclusivamente, importante para sanar quaisquer resquícios de intranquilidade que pudessem existir.
Do lado esquerdo da defesa, Nuno Mendes parece cada vez mais inquestionável, acrescentado acerto defensivo e velocidade de trás para a frente. Algo, aliás, que escasseia na equipa portuguesa e que, na convocatória para esta competição, só este último, Matheus Nunes e Rafael Leão têm vincada vocação para injectar no jogo.
A meio-campo, ainda falta encontrar a fórmula ideal, sendo estranho que Vitinha, tão influente num colosso como o PSG, ainda nem sequer tenha minutos. Na fase a eliminar, pode ser pertinente apostar na titularidade de Palhinha, permitindo à equipa aumentar a protecção à linha defensiva e definir melhor as zonas de pressão.
Na frente, João Félix tem mostrado, intermitentemente, lampejos de qualidade, mas quem tem sido decisivo é o trio Bernardo Silva (dando fluidez de circulação com as suas deambulações), Bruno Fernandes (magistral no último passe) e Cristiano Ronaldo (em crescendo de forma, a trabalhar mais para a equipa e a contagiar positivamente com a sua ambição e liderança).
Contra a Coreia do Sul, há que gerir com critério, para não perigar o primeiro lugar do grupo!
Artigo disponível originalmente aqui.
Este autor não escreve segundo o novo acordo ortográfico.