EM TELA: “Bob Marley, One Love” – Canções da liberdade

Não é arriscado afirmar que o filme “Bob Marley – One Love” é uma obra de arte que dá destaque à vida e carreira de um dos melhores e mais famosos cantores do mundo. Nesse sentido, nesta obra cinematográfica, que acaba por ser biografia do cantor jamaicano, conseguimos ter uma perspetiva mais clara de quem era o Bob enquanto pessoa. Pessoalmente, sempre gostei de reggae e, principalmente, das suas canções, mas nunca me tinha dedicado a saber mais sobre a sua vida, a sua crença, e de que forma é que se tornou tão famoso alguém que vivia num meio tão pobre e fragilizado.

A verdade é que durante o filme nós percebemos que Bob Marley era muito mais do que um simples cantor. Bob era alguém que, com base na sua fé e religião, acreditava que tinha a missão de levar uma mensagem de paz a todas as pessoas e claro, a todo o mundo. Numa época em que a Jamaica vivia uma grande crise política, Bob Marley foi mal interpretado devido à letra de algumas das suas canções. Mesmo cantando pela paz e pela igualdade, um dos partidos políticos acreditou que Bob criticava o governo e que era tendencioso, utilizando eufemismos. Após uma tentativa de assassinato e de sentir que tinha a sua vida e a da sua família em perigo, o jamaicano decidiu abrir horizontes e ir para os Estados Unidos da América. Foi dessa forma que começou a ganhar mais notoriedade, ao levar a mensagem que acreditava que tinha de passar para outras comunidades.

É realmente incrível percebermos que o mais importante para ele era fazer aquilo que gostava, independentemente do dinheiro e da fama que conquistou, resultado do seu desempenho. Em grandes eventos, onde marcavam presença diversas estrelas da indústria musical, Bob Marley cingia-se a ser apenas ele mesmo, sem farsas, roupas ou qualquer outra coisa que fizesse transparecer uma mensagem ou uma imagem que não condizia com a pessoa humilde que era.

Claro que ser ingénuo o fez acreditar em pessoas que não devia, o que fez com que diversas vezes fosse roubado. No entanto, para ele, no final, nada disso interessava porque sentia que simplesmente vivia a sua missão. Apesar de uma relação conturbada, o cantor de reggae manteve uma relação duradoura com Rita Marley, que foi mãe de quatro dos seus 14 filhos.

“Jah”, o Deus que adorava, fê-lo acreditar e cumprir a sua missão. Já numa fase mais avançada da sua vida, quando descobriu a sua doença, não quis tratar-se e aceitou que já tinha cumprido na terra o seu dever. Dessa forma, faleceu em 1981, com apenas 36 anos. Apesar da sua curta carreira, Bob Marley internacionalizou o reggae e vendeu mais de 75 milhões de discos em todo o mundo, tendo sido, já após a sua morte, condecorado pela ONU com a “Medalha da Paz do Terceiro Mundo”.

Bob Marley marcou o mundo com as suas músicas de uma forma única e mostrou-nos que as pessoas marcam o coração de outras pela sua simplicidade e principalmente por serem elas mesmas. Num mundo atual em que as aparências contam cada vez mais, este filme faz com que “desçamos à terra” e nos lembremos do valor que tem sermos nós mesmos.

Bob Marley é o verdadeiro exemplo de que em pouco tempo podemos fazer algo que marcará para sempre as pessoas. Ele será sempre não só o rei do reggae, mas também um grande defensor da paz. Após ter saído do próprio país por se sentir inseguro, ele conseguiu voltar, e fez com que dois líderes políticos de extremos opostos dessem as mãos, pela paz. E é isto que faz essencialmente a música, o cinema e a cultura: une pessoas que jamais se viriam juntas.

Estrelas: 9 em 10

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