EM TELA: “Joker – Loucura a Dois” – Um colo invisível que nos orienta

Em Tela, Joker

Hoje escrevo-vos sobre um filme que tem dado que falar. “Joker – Loucura a Dois” foi um dos filmes mais esperados do ano, contudo, o conteúdo parece estar a desiludir maior parte dos espetadores. Sendo assim, ao que parece, a minha opinião será uma exceção à regra, visto que adorei o filme do início ao fim. Perfeito? Não. Mas, também, o que será “um filme perfeito”, visto que todos nós temos os nossos próprios parâmetros, gostos e experiências pessoais?

Tal como no primeiro filme, esta obra cinematográfica aborda aspetos relacionados com a saúde mental, mas, um dos pontos mais criticados é a “música excessiva”, mesmo que tenham revelado, há meses, que a protagonista, ao lado de “Joker”, seria Lady Gaga (não sei se esperavam que o filme fosse com menos música, ao ter uma cantora como uma das personagens principais) e, como muitos alegam, não, este não é um filme do género musical e está muito longe de o ser, não podemos ignorar os factos.

Adoro música, não especificamente em filmes, mas, o “Joker – Loucura a Dois” fez-me refletir sobre a importância que a arte (em específico da música) pode ter no tratamento de problemas psicológicos. E, mesmo que não seja em contexto de tratamento, de que forma, no nosso dia a dia nos refugiamos na música para sentir e deitar “cá para fora” o que não conseguimos noutra circunstância? Que tipo de emoções encontramos na música que, muitas vezes, faz com que esta se torne num colo invisível que nos orienta?

Ao longo da narrativa também vemos ser postas em causa as doenças mentais: “Será que está a fingir?”, “Será que diz a verdade?”. Um assunto que chega a tribunal e é discutido em plena praça pública. Hoje em dia já começam a haver julgamentos onde a saúde mental é abordada, explicando de que forma esta pode estar relacionada com o crime.

Ao fim e ao cabo, o “Joker”, procurava a aprovação de todos, após uma infância complexa, totalmente disfuncional e traumática. Isso não muda o crime, muda, sim, quais as suas circunstâncias. Mesmo assim, “Joker” acreditava que a missão dele era colocar um sorriso no rosto das pessoas, por mais que tivesse cometido seis crimes, após ter sido humilhado e maltratado. Lady Gaga junta-se à personagem principal de uma forma rápida, porque acredita nele e na sua essência e é aí que percebemos que, por vezes, só precisamos que alguém acredite em nós, para conseguirmos enfrentar o mundo lá fora.

Contudo, a felicidade não durou muito. “Joker”, esta personagem icónica do cinema, deixa-se levar e, passado pouco tempo, percebe que, por mais tentativas que faça para se recuperar, tudo volta como um ciclo vicioso interminável: voltam as piadas fracas e a humilhação que o define desacreditado na vida.

A verdade é que todos nós, em algum dia da nossa vida, já sentimos algumas emoções que “Joker” nos transmite. Já nos sentimos tristes, atropelados e amassados pela vida e com a nossa sanidade mental prestes a extinguir-se. Esta personagem, que se “esconde” atrás de uma pintura facial de palhaço, entre “Arthur” e “Joker”, mostra-nos a máscara que temos muitas vezes de usar para enfrentar o mundo, porque, afinal de contas… “Há sempre um Joker no baralho”.

Se algum dia sentirem que precisam de ajuda psicológica, façam-no através de meios oficiais, como este.

Estrelas: 10 em 10

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.

error: Este conteúdo está protegido!!!