EM TELA: “Elemental” – Uma jornada tanto pessoal como social

Como já nos é habitual, a Pixar e a Disney vão a Óscares com mais uma criativa narrativa – “Elemental”. Através de uma jornada de autodescoberta e luta social, o filme desbrava pelo mundo da animação e visa tocar no coração tanto de miúdos como graúdos, de uma forma simples e previsível mas inevitavelmente bonita e emocionante.

Num momento histórico onde se tendem a erguer muros e vedações entre países e pessoas, “Elemental” ruma no sentido contrário, mostrando pela animação, como o assustador pode ser apenas diferente; e como o que é diferente pode saudavelmente conviver. O filme traz-se uma realidade cheia de paralelismos como a nossa – meia futurista e contemporânea – onde em vez de seres humanos, temos elementos naturais – a água, o fogo, o ar e a terra. Mas em mais nada, para além desta aparência física, estes elementos são diferentes de nós e da sociedade da qual fazemos ativamente parte.

Ember é uma jovem fogo (literalmente uma labareda) que vive nos subúrbios de uma megalómana cidade e, junto da sua comunidade de elementos fogo, trabalha ativamente na loja de seus pais, esperançosa de um dia dar continuidade ao pequeno mundo que estes ali construíram. Estes, por sinal, quando a filha era nova, emigraram para este país na esperança de concretizarem o seu sonho – que Ember nunca tivesse que passar pelo que eles passaram. Muitas portas lhes foram, literalmente, fechadas e acessos a eventos e locais vedados. A gentrificação e a segregação levou-os às quatro paredes da sua pequena loja e tudo o que fosse para além disso não era sequer uma possibilidade imaginável, pois, e supostamente, os diferentes elementos não se podem misturar.

Tudo isto muda quando Ember conhece Wade, um elemento água. Nasce aqui uma comovente história de amor que promete quebrar as imposições que lhes foram previamente impostas de como os diferentes elementos (castas sociais) se deveriam comportar e relacionar. A forma como estas duas personagens, profundamente complexas e humanas (quase um pleonasmo aqui), são desenvolvidas no enredo estimula uma conexão profunda do espectador com cada uma delas. À medida que o filme avança e os cativantes cenários animados, cheios de luzes e detalhe vão avançando, Ember e Wade vão-se (re)descobrindo de uma forma que nos toca, quase a título pessoal.

O filme encontra-se disponível na plataforma da Disney.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.

error: Este conteúdo está protegido!!!