Politicamente Incorreto
Aproximam-se as eleições autárquicas de 2025 e começa a fervilhar a atividade partidária um pouco por toda a parte. Multiplicam-se as caravanas das campanhas, as arruadas, escutam-se as pessoas com desmesurada atenção e atende-se aos problemas da Cidade com especial afinco. São chamados os cientistas mais proeminentes da praça para participar em campanhas, acendem-se as luzes da razão. Basta, por esta altura, circular em qualquer cidade e logo vemos a quantidade de obras que se realizam e os problemas que se resolvem.
É claro que Freud já nos alertou devidamente para o facto de governar ser uma profissão impossível, à semelhança do educar e do analisar. Isso deveria, por si só, redundar numa atitude de maior humildade de quem ocupa cargos políticos, possibilitando uma maior abertura ao diálogo, sobretudo durante o ato legislativo. Porque têm então os políticos de lançar-nos o engodo em altura de campanha eleitoral? Qual a real preocupação que eles têm sobre os nossos problemas quotidianos? É um engodo que visa chamar, atrair, por assim dizer, os eleitores para o voto neste ou naquele partido, neste ou naquele candidato.
A reação dos eleitores poderá ser, e até certo ponto foi, é e será, o voto naquele que tanto se preocupa em campanha e que mostra que estará pronto para responder às necessidades que se colocarão. Mas a esperança, essa que se diz ser a última a morrer, é que se condene nas urnas quem apenas se preocupa nestas alturas e nos deixa ao abandono durante uma legislatura inteira. Mas para que isso aconteça temos que resistir ao engodo eleitoral que nos mandam sistematicamente nas vésperas de qualquer ato eleitoral, sobretudo nas autárquicas.