Crónicas Avulso
O “chico-esperto” de esplanada. Geralmente composto por um grande grupo de amigos ou familiares que acha possível contornar as regras, encontrar uma falha na lei e explorar essa mesma falha como um génio manhoso – um biscate da lei. Em que é que consiste? Na simplicidade de levar um grupo de oito ou mais pessoas para uma esplanada, sentar em duas mesas diferentes, mesas paralelas, e abrir uma “espécie” de roda, juntando-se aos poucos.
Felizmente não sofri de nenhuma febre de esplanada. Fui duas vezes, se tanto, e nunca com mais de duas pessoas. No entanto, não sou nenhum exemplo de louvor por cumprir as regras, pelo contrário, limitei-me à “normalidade”. Quando se fala em regras, ou maneiras de controlar a propagação do vírus, devemos ter em conta que é para um bem comum, e assim sendo, seria de esperar que existisse algum tipo de “decência” comum. Não me refiro a alguma moralidade de terceira categoria, mas de uma simples compreensão da consequência dos atos.
À primeira, uma certa maioria pensa que estes casos se isolam na “malta nova” que vai beber copos, fumar cigarros e cuspir o vírus para cima uns dos outros – censuram esse tipo de comportamento, mas quando se trata da sua família… bem, quando a família ou amigos de longa data se juntam, já com filhos (crianças ou bebés) pensam que podem contornar a lei com a “chica-esperteza” porque são “adultos”… “ah, somos só seis, não há problema nenhum”… ou até num caso verídico da zona, um grupo, em mesas dispersas mas paralelas, pede uma refeição para jantar e assim que os pratos chegam juntam as mesas. O dono vê-se obrigado a interpelar a atitude do grupo e relembrar a decência comum, inclusive as regras, ao que respondem “Ai é? Então coma você!”
Um caso mais fugaz de “chico-esperto”, é o chico-esperto sempre em fuga, que se põe ao lado da mesa, a pé, fica lá por mais de quarenta minutos e quando o advertem diz “ah, já estava a ir embora, vim só cumprimentar”.
Ora, ora, não há um pouco mais de paciência? Se não se sentem confortáveis com as regras imaginem fazer com que elas recuem… em breve um limite de quatro pessoas pode cingir-se a zero, e essa decisão passa inteiramente pelas ações sociais.