EM TELA: “Inside Out 2” – Um Turbilhão de Emoções do Início ao Fim

Em Tela, Inside Out 2, Divertidamente 2

“Inside Out” (em português, “Divertidamente”) é um filme de animação divertido e estimulante para os mais novos e quase – ATENÇÃO, quase – uma consulta de terapia, com muita cor, para os mais velhos.

De miúdos a graúdos, de pais que são arrastados ao cinema pelos seus filhos a filhos que são obrigados a ir por causa dos seus pais, “Divertidamente 2”, seguindo a narrativa do anterior (de 2015), tem-nos permitido refletir bastante. Este foi já o maior sucesso de bilheteira de 2024 (o maior sucesso, de sempre, da Pixar) e tem sido aclamado por muitas críticas, melhores e piores, tanto de psicólogos e especialistas como de meros cidadãos comuns, como é o meu caso.

Quer se goste mais ou menos, o filme é hoje uma obra de arte fundamental para que todos possamos entender o impacto desta sociedade nas gerações mais novas. Sociedade esta marcada pela excessiva exigência, pelo desgaste emocional, pela necessidade de perfeição e de estarmos sempre na nossa melhor performance porque é isso que, aparentemente, vemos nos outros.

No primeiro filme, vemos Riley (personagem principal) a conhecer-se, a explorar as suas emoções iniciais que se começam a desenvolver na infância e que são comuns a todos nós. São estas a Alegria, o Medo, a Nojinho, a Raiva e a Tristeza – esta última é a que começa a atrapalhar Riley em pequena, permitindo que esta aprenda a abraçar todas as suas emoções como algo natural, porque ninguém está sempre feliz – isto é fácil de falar, contudo 2024 chegou na vida de Riley.

Aqui, neste segundo filme, anos se passaram e como acontece a todos nós (para o bem e para o mal), Riley entra na puberdade. A altura das mudanças, tanto físicas como psíquicas, do reprimir das nossas emoções, do início do desenhar da nossa identidade e de quem nós somos. Tudo isto faz parte e é normal, mas não invalida todas as emoções contraditórias que nesta altura muito particular surgem. Vemo-nos a mudar todos os dias, em frente do espelho, em casa com a nossa família e na escola com os nossos amigos.

Vemos, no filme, a necessidade de fazer parte, de nos encaixarmos num meio. Vemos também as pressões que esse meio envolve e as que impomos a nós próprios. E com isto, mudamos. Riley, apercebe-se disso e tem momentos em que gosta de si, momentos em que se odeia, momentos em que acha que não é suficientemente boa. Nunca seremos suficientemente bons, Riley.

Surgem, no “Divertidamente 2”, novas emoções e o filme explora-as muito bem. Todas boas, todas más, todas importantes. Conhecemos assim, de forma desvairada, a antagonista do filme (se é que lhe podemos chamar assim), a Ansiedade, que tem um grande impacto na puberdade de Riley. Com ela, aparecem também a Vergonha, o Tédio (tão característico de qualquer adolescente) e a Inveja.

No meio de tantas novas emoções, a Alegria (que era a emoção predominante no primeiro filme e que reflete a infância) vai perdendo força e dando palco às outras emoções. E isto não é bom nem mau. “Divertidamente” mostra-nos que isto faz parte e que é importante que assim seja. É normal. À medida que crescermos, a Alegria deixará outras emoções se manifestarem, mas esta não desaparece.

“Divertidamente 2” é um filme muito bonito, com uma construção no tempo muito acertada e bem desenvolvida. É um filme para onde nós nos conseguimos facilmente transportar e que também nos procura ensinar, tal como à Riley, a aceitarmos quem nós somos, que nunca seremos bons o suficiente e que não estaremos sempre alegres. E está tudo bem.

Estrelas: 10 em 10

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