EM TELA: “Beetlejuice Beetlejuice” onde o absurdo, o gótico e a comédia se encontram

Em Tela, Beetlejuice Beetlejuice

Entre tentativas de terror e uma infinidade de piadas – 36 anos depois – o mirabolante mundo de Tim Burton regressa aos grandes ecrãs. E ainda bem que voltou. Não é perfeito, com histórias incompletas e meias soltas, mas é no meio do caos e da imperfeição que encontramos beleza na pacata cidade de Winter River.

Destacamos a forma original como Tim Burton continua a construir a sua narrativa, com uma maestria muito própria. Apesar da ascensão tecnológica que padronizou de certo modo o cinema, é reconfortante ver que aqui tudo continua igual. Toda a criatividade nostálgica com os seus laivos de humor e terror que acompanham a história e as peripécias da família Deetz.

Em “Beetlejuice Beetlejuice” (e fiquemo-nos por aqui para não invocar criaturas malignas), Lydia – que continua, e bem, a ser representada pela icónica Winona Ryder – já é adulta, é médium e ajuda as pessoas a contactar com o além, com entes queridos. Ela própria perdeu o marido há anos, tem uma filha – Jenna Ortega, uma já incontornável cara do mundo de Burton – com quem tem uma relação, ao que parece, fria e distante. Lydia cresceu sempre a sentir que uma estranha entidade a observava e agora essa sensação está mais forte e premente – SPOILER, essa entidade é o nosso Beetlejuice (Michael Keaton), seu eterno apaixonado que nunca esquecera Lydia, um dos seus grandes, e muitos, amores. Esta sequela conta ainda com o regresso da dramática e incompreendida Catherine O’Hara, a madrasta simultaneamente malvada e cómica.

Ao longo do filme atingimos alguns picos de completa aleatoriedade, nos quais a realidade criada por Burton atinge o seu máximo potencial, tornando-se intensamente própria e inovadora. “Beetlejuice Beetlejuice” é absurdamente hilariante e próprio, empolgando o espectador à medida que cada minuto e desenlace do filme avança com situações cada vez mais bizarras.

Muitas narrativas ao longo da história são perdidas ou então não são devidamente aproveitadas, deixando muitas pontas soltas. Contudo, esta imperfeição encontra o seu lugar neste mundo caótico e desorganizado e não compromete em nada o prosseguir do filme, terminando o mesmo de forma icónica, como só Burton consegue organizar. Com música, holofotes, cor, efeitos e tudo a que os nossos protagonistas têm direito.

O primeiro filme do “Beetlejuice”, de 1988, está disponível na Netflix, encontrando-se o segundo ainda nos cinemas.

Estrelas: 08 em 10

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