
Esta semana, o “Estádios de Alma”, do Jornal Referência, foi até Vila das Aves, para um duelo de “vizinhos”.
Quase 1900 espectadores deslocaram-se ao Estádio do Clube Desportivo das Aves, para assistir à recepção deste recém-promovido ao FC Paços de Ferreira, em jogo a contar para a 19ª jornada da Liga NOS.
A rivalidade entre estes emblemas – o histórico global era favorável aos pacenses, mas o específico deste ordenamento casa-fora pendia para os avenses – prende-se, não só com a proximidade entre as localidades, mas também com a actual situação na tabela classificativa – 14º e 16º, separados por apenas um ponto.

Os anfitriões, há cinco jogos sem vencer e com muitas dificuldades sempre que na condição de visitado – seis golos marcados e cinco pontos conquistados -, defrontavam a equipa com o pior registo visitante – 25 golos sofridos e dois pontos obtidos.
O jogo começa praticamente com o golo dos que se deslocaram da Capital do Móvel: logo aos 7 minutos, Pedrinho cobra um canto da esquerda, para a entrada da pequena área e Miguel Vieira antecipa-se aos defensores e guarda-redes adversário, cabeceando para inaugurar o marcador.
O Paços conseguia controlar o jogo com posse no meio-campo avense, mas a fluidez de jogo não era a melhor, excepto quando o esférico entrava em Rúben Micael.
Mas era de bola parada que os Castores conseguiam criar perigo, quase sempre por Pedrinho. O português era o elemento que mais procurava criar desequilíbrios no último terço, por parte dos auri-verdes.

Sem conseguir evoluir no último terço ofensivo, o Desportivo limitava-se a ganhar e perder duelos a meio-campo, com um excessivo povoamento da defesa a revelar-se desajustado.
Nesse sentido, ainda antes de metade da primeira parte, Lito Vidigal retira o central Diego Galo e coloca o trinco Tissone. O estreante argentino de 31 anos – com grande experiência de liga espanhola e italiana – é mais um dos vários nomes sonantes que o Desportivo das Aves garante esta época, mas não parecia ter as características que o jogo pedia aos anfitriões.
O Aves tentava, então, imprimir a habitual acutilância no contra-ataque, mas o Paços raramente o permitia.
Do lado contrário, à passagem da meia hora, a defesa avense falha o alívio a um cruzamento de Xavier e Bruno Moreira falha clamorosamente o desvio à mancha de Adriano Facchini. O guardião brasileiro é um verdadeiro abono de família, num plantel que conta com alternativas como Quim e, a partir desta janela de transferências, Artur Moraes!

Por esta altura, os pacenses começavam a lograr algumas combinações interessantes e com o Aves ainda pouco esclarecido, procurando rapidamente os flanqueadores Sami e Amilton. O brasileiro, um dos jogadores mais explosivos do campeonato, esteve particularmente desinspirado, mas a vantagem do adversário também não favorecia a sua principal arma.
Numa das raras incursões bem sucedidas, Amilton recebe bola longa – num contra-golpe após livre dos Castores – e só é travado em falta. Na sequência do lance, Paulo Machado tira um livre perfeito – o único dos vários que cobrou – e Derley – também ele sem conseguir criar perigo até então – ganha de cabeça, com um remate a sair perto do poste direito da baliza de Rafael Defendi.
Ao intervalo, o treinador procedeu a mais uma alteração, fazendo entrar Cristián Arango – deveria ter entrado mais cedo – para o lugar de Paulo Machado. O internacional português estava a ser um dos melhores da equipa da casa.

A segunda parte começa logo com um cabeceamento do colombiano emprestado pelo Benfica, que faria uso da sua qualidade técnica e capacidade de ruptura em progressão para “inclinar o relvado” para os visitados.
O jogo estava mais vivo e o claro ascendente dos anfitriões ia, finalmente, sendo materializado em remates e algumas ocasiões.
Algumas dessas oportunidades foram protagonizadas por Rodrigo Defendi, que ia testando a atenção do seu primo Rafael, guarda-redes dos anfitriões.
Do lado oposto, era Xavier quem criava perigo, graças à qualidade de condução com o seu pé esquerdo. Num desses lances, o extremo luso arrancou da direita e rematou com efeito com o seu pé preferencial, tendo o esférico saído junto ao poste direito da baliza de Adriano.
Os avenses continuavam por cima no jogo e Tissone – que pouco tinha acrescentado ofensivamente – executa um excelente livre, para grande defesa do guarda-redes Defendi.
Porém, seria o Paços de Ferreira a dilatar a vantagem, com o combativo Bruno Moreira a receber o passe de André Leal – entretanto entrado para o lugar de Rúben Micael – e a desviar à saída do guarda-redes avense.

O Aves foi, a partir daí, completamente abaixo animicamente, reatando os visitantes o controlo completo da partida e dispondo das únicas jogadas de relativo perigo nos últimos 10 a 15 minutos.
O encontro termina com a vitória dos Castores, um inédito triunfo fora de casa, logo na estreia de João Henriques no comando técnico. Conforme preconizou na sua apresentação, o ex-treinador do Leixões apresentou uma equipa mais equilibrada nos vários momentos do jogo, coesa defensivamente e com capacidade quer para controlar em posse, quer para sair em contra-ataque com critério.
Apesar da derrota, os avenses têm “matéria-prima” de sobra para sair da situação difícil em que se encontram, tendo já demonstrado – contra o FC Porto e o Sporting SC, por exemplo – potencial colectivo para abordar a luta pela manutenção com optimismo.
Este autor não escreve segundo o novo acordo ortográfico.