A palavra «Carnaval», que deriva da separação da mesma em «Carne Vale», lembra a todos os cristãos que esta festa de cariz pagão lhes permitiria, pelo menos durante três dias, cometer excessos alimentares, extravasar tudo o que lhes ia na alma, uma vez que este período de folia antecede um outro de contenção, a Quaresma um longo período de privação em que os pecados da carne não são aceites pela Igreja Católica.
Com o Concílio de Trento em 1545, o calendário passou de Juliano para Gregoriano e o Carnaval a ser uma data oficial para os cristãos, bem como, uma festa popular e de rua que tem sofrido alterações culturais até aos dias de hoje.
Acredita-se que a sua origem tem raízes no ano 520 a.C., na Grécia. As pessoas reuniam-se em nome do deus Dionísio, com o intuito de se divertirem, o vinho fazia parte das celebrações que invocavam a chegada da primavera e a fertilidade.
O Carnaval viria a ser uma comemoração popular em Roma nos primeiros séculos da era cristã.
Na atualidade, o Carnaval continua a ser uma data festejada em todo o mundo. É um dia em que as pessoas gostam de se fantasiar e perder a sua identidade. Fazem a sátira à sociedade, revelando o que lhes desagrada a nível político, social e económico, mas, sobretudo, mostra a cultura de um povo, suas crenças e folclores.
O Carnaval veste-se de forma diversa, com estilos e ritmos desiguais, dependendo do país e sua cultura.
Nalgumas cidades turísticas, ele destaca-se pela sua maior visibilidade, como sejam: o Rio de Janeiro, Paris, Veneza e Nova Orleães.
O Carnaval chega ao Brasil levado pelos portugueses oriundos dos Açores e Cabo Verde, no século XIII, com uma brincadeira em que as pessoas se sujavam umas às outras com tinta, farinha, ovos e água. Entretanto, o Carnaval do Rio de Janeiro é o mais famoso do Brasil, assim como o de São Paulo, destacando-se o primeiro com os seus desfiles de samba enredo, de várias regiões da cidade que competem entre si, no Sambódromo de Sapucaí, com desfiles monumentais e cheios de beleza e exuberância.
O Carnaval parisiense, do século XIX, acontecia em locais fechados, por causa da violência que ocorria nas ruas. Os convidados, que participavam nesses bailes, fantasiavam-se e ouviam música e dançavam ao som daquela. Chiquinha Gonzaga foi uma mulher que se destacou nesse tempo por ter composto muitas músicas de Carnaval, como por exemplo a canção “Ó abre Alas” e por ter pertencido à classe burguesa daquela época, sendo frequentadora desses eventos. Atualmente, o Carnaval, continua a ser uma festa mais cívica do que popular e a organizar-se em associações e grupos.
O Carnaval de Veneza, que nasceu no final da Idade Média, é o mais tradicional do mundo. As famosas máscaras venezianas e os trajes luxuosos, que surgem com a classe nobre, juntam-se ao povo nas ruas, mas também em salões onde se realizavam famosos bailes. Hoje, os festejos realizam-se na praça mais famosa, S. Marcos, onde se reúnem pessoas do mundo inteiro para se divertirem.
O Carnaval de Nova Orleães, chegou com a colonização dos franceses no século XVII. É uma festa de rua que acontece no feriado de terça feira gorda e em que desfilam pelas ruas da cidade as tradicionais bandas e seus foliões fantasiados com colares de continhas e máscaras, que são, ao fim e ao cabo, a marca típica desta festa nesta cidade dos Estados Unidos da América.
Em Portugal, o Carnaval festeja-se de norte a sul em várias cidades, sendo Estarreja, Ovar, Famalicão, Torres Vedras e Loulé as que se destacam. Contudo, o espírito é o mesmo, que em todo o mundo as pessoas saem à rua fantasiadas, vestem uma pele diferente do seu quotidiano, aproveitam para fazer as críticas ao desempenho dos políticos, de personalidades ligadas ao mundo do futebol, ou aos meios de Comunicação Social. Os desfiles são o ponto alto desta festividade e, normalmente, os carros alegóricos contam sempre com um Rei e uma Rainha, que são pessoas conhecidas do meio artístico.
O Carnaval é uma época de diversão e descontração, em que ninguém leva a mal, as críticas humorísticas.
Como se costuma dizer: «É Carnaval, ninguém leva a mal»; «Não fiques triste, o Carnaval existe»; «A vida são dois dias, o Carnaval são três».
Divirtam-se muito e sejam felizes o ano todo!
Deixo-os com a música: “Ó abre Alas” de Chiquinha Gonzaga.