Mário Ferreira, natural de Matosinhos e CEO da DouroAzul, revelou, esta quinta-feira, que era para ter embarcado na expedição do submersível Titan.
Nos últimos dias, foram notícia as buscas pelo submarino Titan, que partiu da costa do Canadá, no passado domingo, em direção aos destroços do Titanic. Esta quinta-feira, depois de terem sido encontrados destroços da embarcação, foi anunciado, pela guarda-costeira norte-americana, que os cinco ocupantes do submersível perderam a vida.
Mário Ferreira contou que era para ter participado desta experiência, mas que desistiu da ideia. “É verdade que eu tive bilhete reservado, é verdade que esse mesmo contrato chegou. Foi a primeira vez, logo no início do ano, quando estivemos na Florida, no clube dos viajantes ao Espaço e o Hamish desafiou-me para ir. Havia um lugar livre”, recordou, em direto, na TVI.
O empresário explicou que conhecia o bilionário britânico Hamish Harding porque ambos realizaram a viagem da Blue Origin ao Espaço. “Reservei logo, disse logo que sim, que gostava muito de ir nesta expedição”, continuou.
“Entretanto, quando me mandaram o bilhete, mandaram-me os links do interior do navio e, quando vi esses links em detalhe, relativos à última missão, senti um calafrio e disse: ‘Não sinto segurança na estrutura deste casco'”, descreveu Mário Ferreira, que considerou a estrutura do veículo, “tubular e sem compartimentação”, “demasiado simples”. “Não tive coragem de dizer isso, na altura, em abril, e disse: ‘Eu não posso ir'”, acrescentou.
Segundo explicou Mário Ferreira, “não era exigido nenhum tipo de preparação” aos ocupantes do veículo, “não era precisa nenhuma condição física, porque não há nenhum esforço”.
Contudo, na quinta e na sexta-feira, Mário Ferreira voltou a estar com Hamish Harding num evento, nos Açores, que voltou a abordá-lo para ocupar o lugar que ainda se encontrava vazio. O empresário, desta vez, admitiu que não iria nesta viagem em específico, pois não “oferecem segurança”: “E, por favor, tem cuidado”.
“Ele foi e, no dia a seguir, no domingo, quando estava para embarcar, mandou uma última mensagem pelo WhatsApp: ‘Isto está espetacular! O tempo está a ficar bom. Tenho quase a certeza que, para o ano, vais ser o próximo’. E foi assim que ele se despediu, com uma ‘smiley face'”, relatou.
“É verdade que estou agradecido por sentir que ganhei uma vida, mas estou bastante triste, porque, obviamente, perdi um amigo recente”, afirmou Mário Ferreira.
De acordo com o que foi explicado oficialmente, o que ocorreu foi uma implosão, que acontece quando há uma pressão muito forte externa e faz com que uma estrutura colapse de fora para dentro.
“Quando existem buscas com esta dimensão toda, a gente quer acreditar em algo, quer acreditar num milagre”, disse Mário Ferreira à TVI, em direto, referindo, contudo, que se ouviram “um conjunto de ideias de quem não percebia muito do assunto”.
“As partes de titânio, quando implodiram e foram projetadas a seguir, com a explosão, provavelmente, dos tanques de oxigénio, ao cair, muitas terão caído nas zonas onde existem ainda as partes de ferro do Titanic. Com a corrente, podem originar sons de batimento de metal com metal”, descreveu. “Se fosse a comunicação deles, os sons seriam muito mais profissionais”, acredita, indicando que fariam “comunicação morse, não andavam a perder tempo a martelar na parede”.
“Àquela profundidade não existem avarias ou brechas. Um problema destes, àquela profundidade, é sempre catastrófico, não há meio-termo, é instantâneo”, comentou Mário Ferreira, referindo que “nunca quiseram certificar o submersível por uma entidade classificadora que fosse averiguar as necessidades”.
Os tripulantes da embarcação da OceanGate eram: Stockton Rush (CEO da OceanGate), Shahzada Dawood e o seu filho Suleman Dawood, Hamish Harding e Paul-Henri Nargeolet.