Lousada: Iniciativa oferece árvores e envolve a população na conservação da Natureza

Plantar Lousada, plantação

As árvores são fundamentais para os seres humanos e para a vida no planeta e a sua conservação está muitas vezes em debate. Em Lousada, há uma iniciativa que há vários anos envolve a população em ações que transformam o território. Na mais recente edição do “Plantar Lousada”, o projeto decidiu deslocar-se até às juntas de freguesia do concelho e oferecer árvores à comunidade.

Durante o mês de dezembro, a iniciativa veste uma pele mais natalícia e, pelo nome de “Plantar Lousada… no Natal”, oferece vales a quem compra no comércio local aderente. A cada vale, recebido em compras superiores a 20 euros, corresponde uma árvore ou arbusto nativos que podem ser levantados no Ecocentro de Lousada até ao final de janeiro.

Nesta edição, o projeto, promovido pela autarquia, foi mais longe e decidiu aproximar-se mais da população. Além de deslocar-se até à feira municipal pelo menos uma vez por mês, desde novembro e até 19 de fevereiro deste ano, está a marcar presença semanal nas juntas de freguesia de Lousada, onde as pessoas podem conhecer mais sobre o “Plantar Lousada”, são sensibilizadas para o tema e recebem uma árvore para plantar.

Até março, também estão a ser dadas plantas no final dos eventos que decorrem no Auditório Municipal de Lousada, como por exemplo as “Noites Acústicas” (concerto de Diogo Piçarra a 22 de fevereiro e de João Pedro Pais a 29 de março).

Esta novidade tem sido, segundo a equipa do “Plantar Lousada”, uma “boa descoberta”, já que, por cada dia conseguem entregar cerca de 100 plantas. Confiram aqui as datas das próximas visitas às juntas de freguesia.

Na campanha da época natalícia, foram envolvidas cerca de 80 lojas de comércio local e nove grandes superfícies, as barraquinhas no Mercado de Natal, entre outras iniciativas onde foram distribuídos cerca de 10 mil vales. A equipa do Plantar Lousada divulgou ainda ao Jornal Referência que, neste contexto, até ao momento, foram oferecidas 8.500 plantas.

Plantar Lousada, Junta de Freguesia de Caíde de Rei
Foto: Junta de Freguesia de Caíde de Rei

As variadas espécies, que podem consultar quais são aqui, poderão ser depois plantadas em conjunto, em ações comunitárias que visam o envolvimento da população local – e principalmente de escolas. Estas atividades geralmente ocorrem aos sábados de manhã, com as datas anunciadas pela empresa Lousada Ambiente ou pela Associação Verde, que colabora diretamente com o município.

Estas plantações, para as quais qualquer pessoa se pode inscrever, acontecem até março, uma vez que é considerada a melhor altura, em termos de clima e condições do solo, para fazer este tipo de trabalho. A próxima vai acontecer no dia 25 de janeiro, pelas 09h00.

A participação da comunidade tem sido bem sucedida. “Desde a primeira hora que a sociedade civil se associou de corpo e alma a este projeto. Não apenas fazendo parte dos grupos de voluntários que se juntam todos os finais de semana para plantar árvores diretamente, mas também cedendo terrenos ou disponibilizando recursos e divulgando o projeto junto da comunidade”, afirmou Manuel Nunes, vereador com o Pelouro do Ambiente, Natureza e Clima.

De acordo com os dados que divulgou ao Jornal Referência, são já mais de 12 mil os voluntários que, através de associações ambientais, culturais, recreativas e outras, empresas, partidos políticos, organizações religiosas ou simplesmente cidadãos a título particular contribuíram com o seu esforço individual, em mais de 35 mil horas de trabalho voluntário.

Para o vereador, este “enorme desígnio coletivo” significa tornar Lousada “mais resiliente e funcional do ponto de vista ecológico, mais atrativo paisagisticamente e mais sustentável do ponto de vista do usufruto humano”.

Plantar Lousada, Junta de Freguesia de Nevogilde
Foto: Junta de Freguesia de Nevogilde

Nos últimos seis anos, já foram plantadas mais de 127 mil árvores e a meta atual é alcançar as 150 mil este ano.

“O objetivo de alcançar as 150 mil árvores é simbólico e marca um número que se traduz em três árvores plantadas por cada cidadão de Lousada, o que equivale a dizer que cada munícipe tem três guardiões verdes que, ao longo da sua existência (que esperamos longa!) prestarão importantes serviços de ecossistema que garantem a nossa qualidade de vida”, explicou Manuel Nunes.

“O propósito deste projeto, ainda assim, será de perpetuar a dispersão de árvores nativas substituindo as que são cortadas ou se perdem por via natural, garantindo que, até 2030, tenhamos 300 mil árvores plantadas”, continuou.

Plantar Lousada
Foto: Município de Lousada

“Garantirmos uma floresta resiliente, composta por espécies nativas, como esta que está a nascer em Lousada, revela-se fundamental para o futuro da região”

O projeto “Plantar Lousada” surgiu da necessidade de “articular a conservação da natureza e/ou recuperação de habitats e áreas degradadas com o envolvimento social e a capacitação das comunidades para a análise crítica da paisagem”.

Manuel Nunes referiu que o município considera que os projetos de conservação e/ou recuperação “apenas serão bem-sucedidos se alicerçados na estrutura social local” e que é “fundamental envolver os agentes locais, designadamente os proprietários, em processos sustentáveis e de longo termo em matéria de florestação e recuperação de áreas incultas e/ou degradadas”.

Além disso, a iniciativa visou, também, a reposição de corredores ecológicos, “reforçando a conectividade natural, e contribuir para as metas de neutralidade carbónica”: “Garantindo que nos próximos 50 anos teremos a reposição de áreas importantes de floresta nativa que desempenharão um papel crucial como sumidouros de carbono”.

Plantar Lousada
Foto: Município de Lousada

Os incêndios de setembro, que afetaram sobretudo o Norte e Centro do país, contribuíram em grande parte para que a área ardida de 2024 tenha sido a terceira maior da década. Em Portugal continental, entre 15 e 20 de setembro de 2024, arderam cerca de 135 mil hectares, segundo o sistema europeu de observação terrestre Copernicus, o que provocou várias mortes e feridos, bem como destruição do território.

“As árvores são importantes per se, aconteçam, ou não, eventos extremos de incêndios florestais ou fenómenos climáticos. Mas tendo em conta esse cenário, naturalmente que garantirmos uma floresta resiliente, composta por espécies nativas, como esta que está a nascer em Lousada, revela-se fundamental para o futuro da região”, considerou Manuel Nunes.

“Todavia, a gestão das árvores e da floresta não se compadece com ciclos anuais de incêndios, ou ações conjunturais que acontecem a cada evento extremo. Sendo seres e espaços de desenvolvimento lento precisam de tempo. Gerir estes processos em ciclos inferiores a 50 anos é um convite ao fracasso”, sublinhou também Manuel Nunes.

No entanto, “embora possa parecer uma gota no oceano”, esta ação local que se desenvolve em Lousada traz “a comunidade para a ação que transforma e torna o território mais adequado à vida, humana e de todas as restantes espécies selvagens que com ela partilham os espaços”.

“Graças ao seu papel crucial na regulação do ciclo da água e do carbono, na fixação dos solos, na qualidade do ar ou no suporte à biodiversidade, as árvores, sobretudo quando adultas, são essenciais. É este o nosso desígnio, assim seja o desígnio de muitos mais”, finalizou o vereador.

Artigo atualizado no dia 26 de janeiro de 2025, às 17h43, com novos dados sobre o projeto.

Foto: Município de Lousada

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