O Estádios de Alma regressou, esta semana, à Liga NOS! Num dia e hora apelativos à
afluência aos estádios, mais de 42 mil pessoas acorreram ao Estádio do Dragão, para mais um duelo distrital, entre equipas com matrizes de jogo antagónicas.
O FC Porto entra a todo o gás e, logo aos 2 minutos, de uma jogada combinativa entre Yacine Brahimi e Alex Telles resulta no cruzamento do brasileiro para Tiquinho Soares, este falha a recepção e Sérgio Oliveira aproveita o ressalto para finalizar, num remate colocado: estava inaugurado o marcador.
O Rio Ave, como prometido, manteve a postura de “olhos nos olhos” a que não renuncia mesmo quando joga frente aos “grandes”. Os Dragões, no entanto, eram mais rápidos e agressivos sobre a bola, com destaque para a dupla Herrera-Sérgio Oliveira: o mexicano pela capacidade de recuperação, o português pela qualidade no início de construção, que permitia sair com inteligência das zonas de pressão adversária. Essa pressão não era constante, antes esporádica, o que explica, em boa parte, a dificuldade em suster o enorme volume ofensivo dos visitados.
Brahimi, que começou este jogo bem melhor que os anteriores, ia marcando num livre “à Zidane” – sobre a direita, cobrado com esse mesmo pé e com efeito para o lado contrário -, mas o guardião Cássio estica a luva e desvia a bola, com a ponta dos dedos, para a trave.
Sem surpresa, os anfitriões chegaram ao 2-0 pouco depois dos 20 minutos de jogo, num canto da esquerda do… canhoto Alex Telles, que centra na perfeição, com Soares a ganhar a todos os defensores verdes e brancos, no espaço aéreo, e a cabecear forte, junto à barra, para golo.
Aos 34 minutos: um dos vários contra-ataques portistas, iniciado por uma recuperação do incansável Corona, conduzido por Brahimi e concretizado por Moussa Marega, num remate cruzado, que desviou em Marcelo e enganou o guarda-redes visitante. Os
forasteiros tiveram a última grande ocasião da primeira parte, com um desentendimento entre Herrera e Felipe – com passe do mexicano sem destino – a ser aproveitado por Francisco Geraldes, que faz um passe no pé – quando se pedia outra decisão – para Guedes, com o ponta-de-lança a fazer ainda pior e a permitir a intercepção de Marcano.
No F.C.P., Jesús Corona evidenciava-se pelo compromisso táctico, recuperando a bola em terrenos mais recuados e lançando contra-ataques com passes bem medidos. Num desses lances, o mexicano lança Marega, o maliano tabela com Brahimi e remata cruzado, com o esférico a desviar em Marcelo, e a fazer um “chapéu” ao guarda-redes: estava feito o 3-0.
A etapa complementar começou com o FC Porto a tirar partido da confortável vantagem para atrair o adiantamento adversário. O bloco defensivo alto que o Rio Ave apresentava era impressionante, demonstrando uma coragem ao alcance de poucos visitantes do Estádio do Dragão, mesmo que de um Benfica ou Sporting se trate.
Por outro lado, esse posicionamento sectorial, aliado à baixa intensidade da posse de bola, aumentava sobremaneira o risco defensivo. Um exemplo flagrante era a tentativa de sair com bola controlada desde os centrais e/ou guarda-redes, sobretudo quando tentam sair em circulação desde os centrais e mesmo do guarda-redes, cujo jogo de pés não parece aconselhar.
Embora tecnicamente evoluídos, os defesas rio-avistas evidenciam fragilidades no processo defensivo, que os portistas iam explorando com objectividade. Dado o momento de forma de Brahimi, que o torna ainda mais individualista e complicativo, Corona irregular e Marega menos fulgurante, os azuis e brancos acabavam por se impor no jogo mais pelo colectivo, de forma natural.
Os vila-condenses raramente criavam perigo, com excepção de remates de meia distância, quer em bola corrida, quer em bola parada, pelo especialista João Novais. Já com Óliver Torres em campo, o lateral esquerdo portista marca um livre ao jeito de um “canto de mangas arregaçadas” no seu flanco e Marega ganha de cabeça e remata forte para ampliar a vantagem.
Foi o último lance de Telles na partida, com Sérgio Conceição a promover a estreia no campeonato para a grande promessa Diogo Dalot. Ao mesmo tempo, o técnico dava descanso ao brasileiro e a Sérgio Oliveira, que havia saído por Óliver.
Mesmo que o resultado estivesse a ditar uma goleada, os forasteiros continuavam a exibir uma grande personalidade, não claudicando animicamente ao ponto de abdicar da posse, inclusivamente no meio-campo azul e branco.
Já sem Novais e com Pedro Moreira em campo, os que se deslocaram de Vila do Conde veriam os visitados a chegar à mão cheia de golos, numa em que Brahimi dá “de bico” em Marega, que deixa em Hernâni, o português rompe em progressão, com o lance a sobrar para Maxi, este cruza prensado e Soares, com um toque em habilidade, fecha a contagem.
Os Dragões respondiam, no campeonato, ao que se tinha passado naquele mesmo estádio, para a Liga dos Campeões, afastando quaisquer dúvidas sobre o estado anímico da equipa e reforçando a candidatura ao título. Segue-se… meio jogo no Estoril, numa “caça” de pontos que permitam cavar alguma distância face aos rivais.
Os comandados de Miguel Cardoso, por seu turno, mostram porque estão na quinta posição da tabela classificativa, mas há várias arestas – nomeadamente no processo defensivo, último passe e finalização – a limar para acrescentar competitividade ao futebol “apaixonado” que marca a filosofia do treinador e, ultimamente, do clube.
Este autor não escreve segundo o novo acordo ortográfico.