Os animais e o Covid-19: Cuidados a ter com os “amigos de quatro patas”

A pandemia do Covid-19 tem vindo a afetar tantos os seres humanos como os animais. O Jornal Referência descreve algumas dicas para cuidar dos animais de companhia, com base na PsiAnimal – Associação Portuguesa de Terapia do Comportamento e Bem-Estar animal.

Recorde-se que, segundo o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças, até ao momento,não há evidências de que os animais tenham um papel significativo na disseminação do vírus que causa o Covid-19″.

Conselhos gerais:

  • Manter as rotinas do animal, como os horários de passeio, de refeições e de interação com brincadeiras e festas;
  • Não criar novas rotinas que, mais tarde, quando a situação normalizar, não seja possível manter;
  • Aproveitar o facto de ter mais tempo com o animal para realizar pequenas sessões de treino, relembrando exercícios que já é costume realizar ou ensinando exercícios novos;
  • Evitar punições fora do contexto. O animal não percebe qual é o comportamento correto e esta opção afeta o vínculo entre ambos;
  • Os animais não estão familiarizados com a utilização de acessórios de proteção por parte dos seus tutores, nomeadamente máscaras e luvas, pelo que poderão desenvolver comportamentos de medo e defensivos. Terá que ser feita uma habituação a estes objetos e à sua utilização, sempre de forma muito gradual e associando a recompensas e estímulos positivos.
Foto: Justin Veenema/Unsplash

Cão: Dicas dentro de casa

  • Respeitar a privacidade do cão, especialmente quando este está a descansar e/ou dormir e a comer;
  • Criar um espaço (ou mais do que um em casos de famílias numerosas e/ou em casas com mais do que um animal) onde o cão se possa isolar de forma voluntária e que lhe garanta momentos de tranquilidade;
  • Arranjar objectos que o cão possa roer e morder (brinquedos, ossos de pele, barras dentárias, etc.), especialmente se for um cachorro e/ou um cão muito ativo.

Cão: Dicas fora de casa

  • Sempre que possível, não diminuir o tempo habitual do passeio;
  • Como não é possível soltar o cão, mesmo nos locais onde antes era possível, utilizar trelas mais compridas que lhe permitirão uma maior liberdade de movimentos e exercício;
  • Após o passeio, poderá ser feita a higienização do animal utilizando uma solução de água e sabão (nunca com soluções desinfetantes à base de álcool ou lixívia), limpando-lhe as patas, a cauda e o focinho. Se este não estiver já habituado a este tipo de procedimentos, terá de ser acostumado de forma gradual e associando sempre a algo positivo, ao mesmo tempo que decorre o processo de limpeza (e não no fim), sob pena de o cão poder desenvolver alguma associação negativa a este processo;
  • No caso de um cachorro em fase de socialização (das três semanas até aos três meses), não deixar que as restrições do passeio impeçam a realização de uma correta exposição aos vários estímulos do ambiente, de outros animais (da mesma e de outras espécies) e de pessoas, pois esta fase é muito importante para um bom comportamento futuro.
Foto: Chaiyaporn Atakampeewong/Unsplash

Gato: Dicas dentro de casa

  • Respeitar a privacidade do gato, especialmente quando este está a descansar e/ou dormir e a comer;
  • Promover o enriquecimento ambiental através de brinquedos interativos, cujo número e variabilidade poderá aumentar se construídos a partir de objetos do nosso dia-a-dia. Ter o cuidado de escolher opções que não representem perigo de toxicidade e/ou de ingestão;
  • Acariciar o gato apenas quando este se aproxima e solicita atenção. Assim que ele dê algum sinal de que já não quer mais carícias, interromper a interação e não utilizar contacto intenso;
  • Aumentar a utilização de locais em altura como prateleiras, zona superior dos armários, parapeito de janelas, etc., pois, para além de permitir ao gato afastar-se quando quiser, ele poderá ver e controlar o seu território, o que o acalma. Aumentar também a utilização de locais tipo esconderijo, providenciando o acesso ao interior de armários, colocando caixas de cartão, entre outros, o que também ajuda ao isolamento e à gestão de situações de stresse com os outros elementos da família (humanos e não humanos)

Gato: Dicas fora de casa

  • Nos gatos que têm acesso ao exterior não há evidências que justifiquem o seu confinamento total em casa, pelo que devem continuar a poder sair e entrar de acordo com a rotina habitual;
  • No caso de o gato manter o acesso ao exterior, poderá ser feita a sua higienização utilizando uma solução de água e sabão (nunca com soluções desinfetantes à base de álcool ou lixívia), limpando-lhe as patas e o focinho. Se este não estiver já habituado a este tipo de procedimentos, terá de ser acostumado de forma gradual e associando sempre a algo positivo, ao mesmo tempo que decorre o processo de limpeza (e não no fim), sob pena de o gato poder desenvolver alguma associação negativa a este processo.
Foto: Sabina Fratila/Unsplash

Dicas para famílias com animais de estimação e com crianças

  • Ensinar às crianças os comportamentos característicos da linguagem corporal dos cães e dos gatos, especialmente o reconhecimento dos sinais de ansiedade e stresse;
  • Quando interagir com o cão e/ou gato, incentivar as crianças a participar em alguns desses jogos e exercícios;
  • Ensinar as crianças que nunca devem utilizar as suas mãos e/ou os seus pés como forma de estimular os seus animais de companhia para a brincadeira;
  • Nunca deixar crianças e animais sozinhos e supervisionar sempre as suas interações.

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