“Memoir of a Snail” é um filme australiano que faz parte da lista de nomeados para os Óscares 2025 na categoria “melhor filme de animação”. Junto dele temos os filmes “Flow”, “Divertida-mente”, “Wallace & Gromit: Vengeance Most Fowl” e “The Wild Robot” (crónica que irão ler brevemente).
Vi três dos filmes da lista de nomeados e parece-me que a escolha foi muito variada, pois cada um destes conteúdos cinematográficos de animação é muito diferente e único à sua maneira, tendo em conta que, “Memoir of a Snail” é único de uma forma particular. Antes de vos resumir esta história, não posso deixar de destacar as suas cores e, principalmente, as suas originais personagens, visto que identifiquei logo nos primeiros minutos do filme que este foi realizado com a famosa técnica stop-motion, que me agrada particularmente.
“Memoir of a Snail” conta, assim, a história de dois irmãos gémeos que, após perderem os seus pais de forma trágica, foram separados. Infelizmente os irmãos tiveram sortes diferentes e, enquanto Grace vivia uma vida relativamente descontraída, o irmão, Gilbert, vivia o verdadeiro terror. Os dois mantiveram durante anos o seu contacto apenas por carta e Gilbert fazia entender que tudo estava bem apesar de a irmã perceber que não.
A determinada altura do filme, percebemos que, apesar de ser considerado um filme de animação, não é adequado para crianças. Nele são abordados temas como pornografia, alcoolismo, gordofobia e religião. Sei que este foi um salto muito grande: há um minuto escrevia sobre dois irmãos gémeos (uma história aparentemente indefesa) e de repente tudo de tornou grave, adulto e sério, mas a verdade é que este contraste é o que distingue este filme dos demais.
Grace era viciada em caracóis e tudo o que existia de bom, ela conseguia ver através deles, daí o título do filme. Outra particularidade deste filme, é que ele é narrado, por isso, diria que tudo neste filme é diferente de tudo aquilo a que estamos habituados.
Este conteúdo cinematográfico transmite a melancolia dos momentos menos positivos da vida (que no caso de Grace e Gilbert, foram muitos) e metaforicamente faz-nos viajar de uma forma leve através da animação para o mundo adulto, um mundo que, por vezes, nos é difícil enfrentar.
Em suma: Considero que este é um bom filme de animação, apesar de não ser indicado para crianças e que, com algum humor e de forma ousada, constitui uma descrição da vida quotidiana, assim como uma forte crítica social.
Estrelas: 08/10
Imagem: DR/ Jornal Referência
