
O Estádio Capital do Móvel foi palco de um duelo que já se pode considerar um clássico, pela habitual competitividade e futebol “de igual para igual”, que caracteriza os confrontos entre ambos os conjuntos.
Perante pouco mais de quatro mil espectadores, os Guerreiros do Minho procuravam pressionar o Sporting CP na luta pelo pódio do campeonato, enquanto os Castores continuavam a sua cruzada pela sobrevivência no principal escalão.

A equipa da casa não contava com o guarda-redes Mário Felgueiras, lesionado até final da época, o trinco Assis – emprestado pelo adversário – e com o médio Rúben Micael – em dúvida até à hora do jogo. Já os visitantes viram-se privados do central Bruno Viana – lesionado – e do médio internacional montenegrino Vukcevic, um dos jogadores mais utilizados da liga, que se juntaram a Marafona e Fransérgio, lesionados de longa duração.
O início da partida confirmou a postura expectável de ambas as partes, sem “trincheiras” em frente da baliza e com uma construção ofensiva de “olhos nos olhos”.
Apesar disso, cedo o Braga conseguiu impor o seu futebol de ataque rápido, desequilibrando sempre que imprimia mudanças de velocidade na circulação de bola.
Aos 5 minutos e já depois de disporem de um par de oportunidades de golo – na sequência de cruzamentos de Esgaio e Jefferson, salvos pela sorte, primeiro, e pelo guardião Defendi, miraculosamente, depois -, os bracarenses desperdiçaram uma grande penalidade, sofrida e cobrada por Paulinho.

Não obstante, a expulsão de João Góis condicionaria toda a equipa da casa para o que restava – quase tudo – do jogo. O treinador João Henriques preferiu adaptar Quiñones à posição de lateral-direito do que queimar uma substituição numa fase tão prematura.
Os anfitriões não se atemorizaram e lançaram-se à procura de uma vantagem que lhes permitisse adoptar uma postura expectante, que lhe daria uma motivação e conforto importantes em face da inferioridade numérica.
Mas seriam mesmo os forasteiros a abrir o activo, à passagem do quarto de hora, na sequência de uma recuperação em zona adiantada que permitiu ao central Raúl Silva cruzar, com régua e esquadro, para Wilson Eduardo antecipar-se e cabecear para o fundo das redes.
Pouco depois, o mesmo Wilson bisou num remate forte e colocado à entrada da área, após excelente trabalho individual a tirar dois defensores do caminho.

A perder por dois golos e reduzidos a dez elementos, os pacenses sentiam, por esta altura, muita dificuldade em ligar o seu jogo. No Sporting de Braga, Danilo adiantava-se em momento ofensivo, aparecendo André Horta mais recuado, gerindo o ritmo e a posse, alternando entre o controlo do futebol apoiado e a verticalidade do passe ou aberturas para esticar a equipa ofensivamente.
A equipa da casa, que sempre que saía no contra-ataque realizava-o com pouca gente, procurava ganhar oxigénio com livres nas imediações da área à guarda de Mattheus. Defensivamente, a equipa estava a anos-luz da que venceu o FC Porto há poucas semanas, exibindo pouca organização e falhas constantes de marcação, fatais perante a mobilidade dos avançados minhotos.
Na parte final do primeiro período, porém, os visitados cresceram no jogo graças à melhoria na construção ofensiva, saindo das zonas de pressão em apoios seguros e gizando contra-golpes objectivos, que só pecavam pela definição no último terço.

Os visitados lograram, porém, de um ligeiro ascendente no término do primeiro período, com contra-golpes que apenas pecavam pela definição no último terço.
Ao intervalo, o técnico do Paços retirou mesmo Quiñones e fez entrar Bruno Santos, lateral-direito de raiz.
A segunda parte iniciou-se com um Paços de Ferreira decidido a encurtar distâncias, dominando o jogo e a posse de bola. Liderados por um Pedrinho, os Castores procuraram zonas mais recuadas para organizar e construir e conseguiriam mesmo chegar ao golo, na sequência de um cruzamento da esquerda de Filipe Ferreira – numa excepção à noite anormalmente “desinspirada” que teve -, ninguém conseguiu desviar num primeiro momento, com Luiz Phellype a chegar à bola perdida e a marcar na recarga.
De imediato, João Henriques retirou o trinco André Leão e lançou o jovem criativo André Leal. Os anfitriões estavam motivadíssimos com a conjuntura do momento mas, numa altura em que o jogo estava algo “partido” – com oportunidades de parte a parte, os arsenalistas conseguiram aumentar a vantagem, com um grande remate de Ricardo Horta.

Os pacenses voltaram a dominar e a tentar acercar-se da baliza adversária, mas, na sequência de um pontapé de canto de Jefferson, surge um novo lapso defensivo que deixou Danilo sozinho perante Defendi, com o brasileiro a concretizar o quarto golo.
Estava definitivamente sentenciada a partida. Aos 77 minutos, só por milagre os forasteiros não fizeram o quinto, valendo os cortes de Rui Correia em cima da linha e o desacerto de Wilson Eduardo no último remate.
O jogo entrou num ritmo morno, estando ambas as equipas conformadas com o resultado, mas haveria ainda tempo para Dyego Souza isolar-se e finalizar mais um golo e o resultado.
O Sporting de Braga consegue um grande resultado e apanhar provisoriamente o Sporting CP no terceiro lugar, continuando o excelente campeonato que vem realizando.
O Paços de Ferreira viu-se goleado no seu próprio estádio, num resultado que não reflectiu a mentalidade e qualidade da equipa no jogo, mostrando que tem futebol para agarrar a manutenção na primeira liga.
Este autor não escreve segundo o novo acordo ortográfico.